Como se estivesse prestes a embarcar numa Ferrari, o executivo italiano Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, sobe com desenvoltura na gigantesca colhedeira Axial-Flow 9230, estacionada no pátio da fábrica em Sorocaba, no interior de São Paulo, uma das unidades da CNH Global, a holding de máquinas agrícolas e de equipamentos de construção do grupo Fiat, que faturou US$ 19,4 bilhões no ano passado. Não sem razão. Essa colhedeira é a menina dos olhos da Case IH , uma das marcas da CNH , que também é dona da New Holland Agriculture, Case Construction e New Holland Construction. Com 13,7 metros de largura efetiva de corte e velocidade de até 11 quilômetros por hora, ela é a primeira colhedeira “classe 9” lançada no Brasil, uma categoria de máquinas de alta potência, com motor de até 570 cavalos. “É a máquina com maior capacidade produtiva disponível no mercado”, diz Romagnoli.

Segundo Felipe Dantas, coordenador de marketing de produto da Case no Brasil, a máquina pode colher uma área aproximada de 15 hectares por hora. A Case IH também lançou uma das maiores plataformas de colheita, conhecida como draper, com 45 pés. “A tendência é termos janelas de colheita cada vez menores. Por isso, o produtor precisa de uma máquina de maior capacidade e plataformas de corte mais largas”, diz Dantas. “Assim, ele consegue colher mais em menos tempo e liberar área para a safrinha.”

Esse lançamento só foi possível a partir de um ambicioso plano de expansão. A CNH, que, além da fábrica em Sorocaba, possui mais três unidades no Brasil – em Piracicaba (SP), Contagem (MG) e Curitiba (PR) – está investindo pesado no País, onde se estima que obtenha mais de 50% de seu faturamento de R$ 5,5 bilhões na América Latina. Só na fábrica e no centro de distribuição de peças de Sorocaba, foi investido R$ 1 bilhão. Segundo o diretor da unidade, Sérgio Soares, ela tem as estruturas mais modernas do mundo quando se trata da produção de máquinas agrícolas. “Essa é a segunda maior fábrica de colhedeiras Case IH, atrás apenas da unidade dos Estados Unidos”, diz Soares. “Em tecnologia, é a mais avançada.”

Com o investimento, a fábrica, que produziu 178 máquinas agrícolas em 2010, encerrou 2012 com cerca de 2,5 mil unidades, mais da metade delas com a marca Case IH e o restante com a marca New Holland. “É uma unidade modelo, cujo conceito será replicado pelas novas fábricas da Case ao redor do mundo”, diz Soares. Nos últimos dois anos, a CNH contratou 250 engenheiros e investiu R$ 800 milhões em pesquisa e desenvolvimento, destinando R$ 160 milhões exclusivamente às áreas de inovação tecnológica.

Com os investimentos consolidados, a Case IH começa a colher frutos. Se, em 2010, a marca vendeu 1.290 tratores e 640 colhedeiras, em 2012, esse volume saltou para 3.031 e 1.110, respectivamente. Para este ano, a marca pretende seguir com o pé no acelerador: espera um avanço de 10% nas vendas de tratores e de 15% nas vendas de colhedeiras. O crescimento previsto pela Case IH supera em muito a média projetada para o mercado, que, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), deverá situar-se em torno de 5%, com até 73 mil unidades comercializadas, contra as 69,4 mil unidades vendidas no ano passado. “O nosso projeto de crescimento é ambicioso”, diz Romagnoli. “Em 2013, a receita da Case deve ser 20% maior que a de 2012.” A empresa não revela o faturamento por país.

Não por acaso, de acordo com dados da Anfavea, a Case IH é uma das que mais crescem em participação de mercado na área de equipamentos agrícolas. De 2010 a 2012, a fatia da marca na venda de tratores mais que dobrou, de 2,3% para 5,4%. Já para colhedeiras, a participação, que era de 14,1%, avançou para 17,7%. “Estamos crescendo, mas sem perder o nosso foco, que são as máquinas de alta potência e tecnologia”, diz Romagnoli. “Temos a maior potência de frota em operação e estamos no País certo para fazer negócios.”