Com o objetivo de maximizar resultados da produção e da renda, cafeicultores a partir da década de 1980 começaram a fazer uso intensivo da água em tecnologias de processamento via úmida para obtenção do café cereja descascado, cuja qualidade de bebida é superior. No entanto, o uso dessas tecnologias resultou na produção de grande quantidade de água residuária de café que, potencialmente, poderá ser diretamente despejada nos cursos d´água contaminando mananciais e lençóis freáticos. Assim, para minimizar essa contaminação e reduzir o volume de água empregada no processamento de café via úmida foi desenvolvido um sistema de remoção de resíduos de baixo custo denominado ³Sistema de Limpeza de Águas Residuárias² (SLAR), o qual é constituído basicamente de caixas e peneiras que associam os processos de decantação e peneiramento podendo ser construído nas propriedades rurais.

Para tornar pública essa tecnologia, a Embrapa Café, coordenadora do programa de pesquisa do Consórcio Pesquisa Café, acaba de lançar uma Circular Técnica sobre o reúso da água utilizada no processamento de café cereja descascado com o emprego de técnicas de baixo custo. Essa publicação está disponível no site do Consórcio Pesquisa Café e pode ser acessada diretamente pelo hiperlink ³SLAR².

O funcionamento do SLAR tem início quando a água proveniente do processamento de frutos é depositada na primeira caixa de decantação. Os resíduos mais densos que a água acumulam-se no fundo do recipiente, enquanto a água, já mais limpa, passa para a segunda caixa onde o processo é repetido e continuado até a terceira caixa. Ao final desse processo, a água é direcionada às peneiras onde ocorre a filtragem de resíduos de menor densidade do que ela. Após essa etapa, a água está apta para ser reutilizada e é bombeada para o reservatório da Água Residuária do Café (ARC). Esse reúso da água possibilita economia de até 76% do volume utilizado no processamento.

Os resíduos sólidos acumulados nas caixas de decantação poderão ser usados para produção de adubo orgânico, e a água residuária, quando já saturada e sem condições de reúso, poderá ser empregada na fertirrigação. O SLAR foi  desenvolvido pela Embrapa Café, Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural ­ Incaper e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais ­Epamig.

O consórcio de pesquisa do café congrega instituições de pesquisa, ensino e  extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, Instituto Agronômico – IAC, Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras – Ufla e Universidade Federal de Viçosa – UFV.