O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou a negar o risco de o País enfrentar um racionamento de energia devido à grave crise hídrica. Em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara nesta quarta-feira, 23, o ministro disse que o governo não trabalha com essa hipótese, pois os órgãos setoriais monitoram o setor elétrico 24 horas por dia.

A declaração do ministro ocorre após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), voltar atrás e afirmar que a medida provisória que o governo prepara para lidar com a iminência de uma crise energética não irá trazer “qualquer comando relativo ao racionamento”. Pelo Twitter, Lira afirmou que será feito o incentivo ao uso eficiente de energia pelos consumidores de maneira voluntária. Antes dessa correção, Lira havia falado de um “período educativo” de racionamento de energia para evitar crise maior.

A MP citada pelo deputado foi antecipada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) no dia 12. A reportagem teve acesso a documentos internos que revelam a intenção do governo de criar um comitê que terá poder de adotar medidas como um “programa de racionalização compulsória” de consumo de energia e a contratação emergencial de termoelétricas – mesmas medidas adotadas em 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar apagão.

Durante sua apresentação, o ministro expôs dados de 2001, quando famílias e indústrias tiveram que reduzir o consumo de energia, e em 2014, quando houve uma crise severa, mas sem racionamento.

Segundo ele, a dependência de usinas hidrelétricas na matriz elétrica diminuiu ao longo desses anos, e o Brasil expandiu a rede de transmissão de energia, o que permite transportar a energia com mais facilidade pelo País e aumenta a segurança.

Entretanto, Albuquerque ressaltou que, se o período úmido desde ano for semelhante ao de 2020 e nenhuma medida for tomada, o Brasil pode chegar a uma condição bastante desfavorável no fim deste ano, com nível dos reservatórios abaixo de 20% de capacidade. “Por isso adotamos medidas para que não percamos controle do sistema, não tenhamos risco de interrupção no fornecimento de energia nos horários de pico de demanda”, afirmou.

Dentre as medidas adotadas, Bento ressaltou a construção de um plano para redução de consumo voluntária de grandes indústrias em alguns momentos do dia, principalmente nos de pico, as restrições no uso de água dos reservatórios, e ações para adiantar obras de empreendimentos de geração e transmissão de energia. “Essas usinas serão importantes para manutenção dos reservatórios e para que cheguemos no final do ano em melhores situações”, disse.

O ministro também citou campanhas de conscientização para uso de água e energia e ações para garantir o suprimento de combustível, para o funcionamento de termelétricas.

Além disso, ele afirmou que, a partir de janeiro de 2022, deve ser implementado um novo modelo computacional utilizado na operação do sistema. Segundo ele, a medida serve para aumentar o acionamento de usinas térmicas, preservar mais água nos reservatórios e melhorar o sinal de preço para os consumidores.