Nenhum outro projeto logístico recebe mais atenção dentro do Ministério da Infraestrutura. Há mais de cinco anos, bem antes de ser ministro, Tarcísio Gomes de Freitas atua para tentar viabilizar a concessão da Ferrogrão. O ministro evita comentar sobre os embates entre concorrentes, mas chama a responsabilidade para si ao defender o projeto. “Sinceramente, não sou louco de apostar numa ferrovia que não tenha interessados e que não seja viável. O projeto é absolutamente viável e será um exemplo em licenciamento ambiental”, disse.

Em 2020, a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos do Ministério da Infraestrutura convidou investidores para conhecer o projeto. Recebeu respostas para 22 agendamentos de entrevistas para tratar do tema.

Freitas ainda acredita que o leilão da Ferrogrão pode ser seu “maior legado”, porque reposicionaria a matriz ferroviária no mapa nacional. “Já temos o mais difícil em qualquer empreendimento, que é o investidor interessado. A viabilidade ambiental do empreendimento será confirmada naturalmente. Estamos falando de uma ferrovia que terá selo verde, um modal sem emissões, que será erguido ao lado de uma rodovia em área já desmatada. Isso significa menos acidentes em estradas e zero emissões de gases”, comentou o ministro.

Freitas reafirma que as condicionantes ambientais do projeto serão detalhadas e a prioridade é fazer a obra sem atropelos. “Os povos indígenas serão ouvidos, bem como todos os interessados. Essa ferrovia será um modelo de sustentabilidade.”

As ferrovias representam cerca de 15% do transporte de cargas do País, enquanto as rodovias respondem por 65% e as hidrovias, 15%. A participação dos trilhos chega a 37% na China, a 43% nos EUA e a 81% na Rússia. O Brasil destina de 0,6% a 0,8% do PIB anual para o setor de transportes, longe do cenário ideal, calculado em 2,5%. O Plano Nacional de Logística prevê que o transporte sobre trilhos possa chegar a 30% da matriz nacional até 2025.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.