1. VALTRA: aposta em sistemas de controle de performance

2. CASE: sofisticação e mais área de cobertura estão entre as características

3. MASSEY: melhores softwares estão entre as tendências dos próximos anos

4. JOHN DEERE: empresa aposta na economia que o equipamento dá para o produtor

Até o final da década de 1990, a indústria brasileira de máquinas agrícolas era considerada obsoleta, com a idade da frota estimada em 20 anos, segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Automotores. Passados quase dez anos, o cenário hoje é diferente, com máquinas cada vez mais modernas. A mudança se deve, em boa parte, à elaboração de um programa de financiamento que permitiu a viabilidade da modernização da indústria e facilitou o acesso do produtor à tecnologia. Trata-se do Moderfrota, que em nove anos de existência, já destinou cerca de R$ 15,7 bilhões para as máquinas do campo. Só em 2007 foi R$ 1,8 bilhão, valor 36% maior que em 2006, de acordo com dados do BNDES.

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Recursos que tiveram grande impacto nesse setor, tanto que a idade estimada da frota atual diminuiu para dez anos. “Grande parte das máquinas de 20 anos atrás foi substituída graças ao Moderfrota. É a grande contribuição desse programa”, comenta o vice-presidente da Anfavea, Milton Rego. O modelo também foi importante para a indústria, pois facilitou a venda desse tipo de equipamento, como lembra o gerente de produto da New Holland, Flavio Rielli Mazetto. “Hoje 95% das vendas são feitas através desse financiamento. Ele possibilitou o acesso à tecnologia e a renovação da indústria de máquinas.” Já o diretor de produtos da Valtra, Jack Torreta, acredita que o programa colaborou para a incorporação de novas tecnologias nas máquinas nacionais. “Uma das regras desse modelo é a exigência de que 60% das peças da máquina financiada sejam produzidas no Brasi”, diz. Para ele, isso foi um grande incentivo para as empresas de capital brasileiro.

Com mais crédito disponível, chegaram ao Brasil os principais recursos tecnológicos e, de comprador, o País passou a exportador de implementos agrícolas. Um exemplo disso foi a chegada do sistema axial, desenvolvido pela Case e atualmente adotado pelos principais fabricantes. Essa tecnologia melhora o processo de colheita do grão e foi considerada uma das revoluções dos últimos anos. Agora, levando-se em conta que o tempo de vida útil de uma máquina é de dez anos, pode-se dizer que o programa completou seu primeiro ciclo. Com isso, uma nova geração de tratores e colheitadeiras começa a despontar no País, trazendo ainda mais tecnologia.

Diferentemente de outros tempos, em que a cada modificação surgiam grandes saltos de produtividade, hoje os ganhos estão no que se pode chamar de “sintonia fina”. Prova disso é a mais nova vedete do campo, um dispositivo de piloto automático. O sistema possibilita que o operador programe a máquina para fazer a operação com um percurso pré-determinado, proporcionando ganho de áreas. “No caso da cana, essa tecnologia é ainda mais útil, pois evita o pisoteio das soqueiras e facilita o trabalho noturno”, afirma o diretor de marketing de produtos da Case, Richardson Gouveia. Para o gerente de marketing da Massey Ferguson, Eduardo Filho, novos sistemas de transmissão eletrônica também proporcionarão ganhos ao produtor. “Em testes que desenvolvemos, esse tipo de equipamento fez com que as colheitadeiras tivessem um ganho de 10% em eficiência e de 25% em produtividade na relação hectare/hora”, garante.

O uso da computação também deverá ser ampliado nos próximos anos. Para Torreta, da Valtra, sistemas de controle de performance, que monitoram eletronicamente toda a operação de colheita, analisando qualidade e nivel de perda de grão, consumo de combustível e áreas com maior produtividade, são cada vez mais indispensáveis. “Com isso, o produtor pode gerenciar melhor sua lavoura e diminuir os custos”, pondera o executivo.

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Tanta tecnologia tem seu preço. Nos últimos anos, as máquinas também ficam mais caras. De acordo com dados do Cepea/USP, entre os anos de 2003 e 2008, a variação de preço foi de 74%. Mas para Rego, da Anfavea, os benefícios compensam essa alta. “As máquinas tiveram um aumento de preço, mas em contrapartida aumentaram sua capacidade de colheita, o que torna o custo-beneficio favorável”, defende. Com o setor aquecido e a necessidade de alcançar mais produtividade, o futuro reserva ainda grandes novidades para essas máquinas, cada vez mais modernas e furiosas rasgando os campos brasileiros.