O dólar operou em baixa nesta quinta-feira ante a maioria das moedas, em meio à expectativa por um novo pacote fiscal a ser anunciado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden. Além disso, sinalização dovish do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) influenciou no dia. Na comparação com as rivais, o ativo americano ficou perto da estabilidade ante o euro, e se desvalorizou perante a libra e o iene. Entre as emergentes, o peso chileno teve uma das valorizações junto ao dólar mais significativas, após movimentação do banco central do país quanto a reservas cambiais.

Apesar da estabilidade de seu principal componente, o euro, o índice DXY, que mede o dólar frente moedas de seis economias desenvolvidas, fechou em baixa de 0,13%, em 90,239 pontos. Segundo maior componente, o iene se valorizou ante o dólar, e a moeda americana era cotada a 103,72 ienes no final da tarde em Nova York.

“Os mercados ficaram quase imperturbáveis com o segundo impeachment do presidente Donald Trump, enquanto olhavam para o futuro, para o manual do próximo governo Biden”, avalia a Western Union, citando a já esperada aprovação do processo de impeachment do presidente dos EUA na Câmara dos Representantes, confirmada ontem. A expectativa ficou por conta do possível anúncio de um pacote fiscal trilionário pelo representante eleito, Biden, que pode aumentar o número de dólares disponíveis e desvalorizar a moeda americana. Na política monetária, o presidente do Fed, Jerome Powell, não demonstrou pressa em defender um aumento de juros, no quadro atual, reafirmando a postura dovish do banco central.

O euro, por sua vez, se valorizou apenas um pouco e chegou a atingir sua mínima em um mês frente ao dólar, de acordo com a Western Union. Em meio ao avanço da covid-19 e a novas medidas de restrição na zona da moeda comum, o euro ficou perto da estabilidade ante ao dólar, e era cotado a US$ 1,2164. Em sua ata divulgada mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) comentou que a recente valorização do euro pode contribuir para um quadro de inflação deprimida na região da moeda comum.

A libra se valorizou ante o dólar, em meio a discussões no Reino Unido sobre adoção de juros negativos por parte do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), estratégia ontem vista com reservas pelo presidente da instituição, Andrew Bailey. Ao final da tarde, a libra era cotada a US$ 1,3696.

Entre as moedas emergentes, a maioria se valorizou ante o dólar, em uma sessão favorável a ativos de risco. O anúncio do Chile de um programa de acumulação de reservas cambiais, totalizando US$ 12 bilhões, ajudou a moeda a reverter a trajetória recente de desvalorização junto ao dólar e a ter uma das altas mais destacadas na sessão. O ING avalia que a medida é uma tentativa de apoiar a nota de crédito do país, uma das mais afetadas na América Latina recentemente, e que teve de lidar com a crise política que levou à decisão pelo processo de reescrever a Constituição em abril. No horário citado, o dólar era cotado a 726,48 pesos chilenos.