Montada no garanhão Cream, cavalo da raça europeia gypsy horse, a amazona Luiza Magalhães encantou o público que foi ao parque da Água Branca, em São Paulo, entre os dias 11 e 14 do mês passado, participar da 3ª ExpoCavalos. O evento, que apresentou outras nove raças equinas, além da gypsy, e que recebeu mais de 30 mil pessoas, tem exatamente essa função: atrair quem nunca pensou, um dia, em ser dono de um animal ou praticar alguma modalidade de esporte equestre. Luiza, que aos 17 anos já integrou a equipe brasileira de adestramento, e que se prepara para voltar a competir, em vários momentos da ExpoCavalos mostrou a habilidades de Cream, dando volteios, troca de passes, trotes e galopes. O cavalo treinado pela amazona pertence ao haras Royal Gypsy Horse, de Bárbara Izabela Costa, filha do empresário Fernando Costa, dono da Uniesp, uma rede de colégios e faculdades, presentes em 104 municípios.“O Cream aprendeu em um mês movimentos que um outro cavalo levaria sete meses”, diz Luiza. “O gypsy é extremamente inteligente e foi ótimo apresentar essa raça pela primeira vez em um evento”. A cocheira do garanhão foi uma das mais visitadas do parque da Água Branca.

Bárbara, 24 anos de idade, proprietária de Cream, diz que desde a infância é uma apaixonada por esses animais. Quando decidiu ser criadora queria uma raça que fosse dócil, antes de tudo. Chegou ao gypsy horse depois de muita pesquisa. Em 2012, ela começou seu criatório importando três matrizes e um garanhão da Bélgica, França, Inglaterra e Irlanda. “Trouxemos os melhores de cada uma dessas linhagens”, diz Bárbara. Hoje, dos 37 animais da raça criados no Brasil, 20 são de seu haras. 

A gypsy horse é uma raça que nasceu há cerca de um século, entre ciganos que circulavam pelos países da Grã-Bretanha – Inglaterra, Escócia e Gales –, daí o nome gypsy (cigano, em inglês). Eles queriam cavalos rústicos, fortes, que fossem coloridos para combinar com as suas caravanas, e dóceis para serem manejados pelas crianças. Fruto do cruzamento de cinco raças, os gypsys se tornaram animais de ótima índole. “Muita gente na Europa busca essa raça para lazer, pois é ideal para os filhos” afirma Bárbara. No entanto, além da docilidade, os animais têm várias aptidões, entre elas para a atrelagem, cela, destramento clássico, salto de até 1,30 metro e também são excelentes para o cross-country. Na Europa e nos Estados Unidos, a gypsy horse vai bem em diversos esportes.  “Queremos que aconteça o mesmo no Brasil”, diz Bárbara. “O gypsy, um cavalo multiuso, é ideal para famílias e também para atletas.” 

Mas não vai ser fácil conquistar seguidores, porque a concorrência é grande. Além da inédita apresentação da gypsy horse, a Expocavalos contou com animais das raças bretão, crioulo, friesen, halfinger, lusitano, mangalarga marchador, paint horse, pega e percheron. Todas, em algum momento, também mostraram suas habilidades para provas de equitação, volteio e atrelagem. De acordo com o empresário Paulo Junqueira, dono da Cavalgadas Brasil e organizador da ExpoCavalos, a intenção da mostra é despertar curiosidades. “Queremos divulgar para o público urbano e leigo a importância do cavalo”, afirma Junqueira. “Cada uma das raças entra na feira para mostrar as suas qualidades, porque há espaço para todas.” No Brasil, o mercado equestre movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Segundo Junqueira, porém, faltava um evento com o espírito da ExpoCavalos, que reúne num único espaço informação através de palestras, workshops, produtos e serviços, além das apresentações dos animais. “Esse tipo de evento acontece em várias partes do mundo, mas faltava um no Brasil”, diz Junqueira. “Até temos muitos eventos equestres, mas são específicos de uma raça ou de modalidade.” 

De acordo com ele, a ExpoCavalos foi inspirada na feira argentina Nuestros Caballos, que acontece em Buenos Aires há dez anos. A exposição portenha, já consolidada, conta em média com a visita de cerca de 110 mil pessoas a cada edição. “Estamos na nossa terceira exposição, mas acreditamos que nos próximos anos temos potencial de nos igualarmos a eles”, diz Junqueira. “Para nós é só uma questão de tempo.”