Quatro dias após a publicação da “declaração à Nação”, documento em que presidente Jair Bolsonaro pediu harmonia entre os poderes, o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira entender que a semana começa com um clima institucional melhor em relação à anterior. Ele também minimizou os atos contra o presidente ocorridos no domingo, 12, menos expressivos do que os governistas de 7 de setembro em meio à divisão da esquerda.

Questionado nesta segunda-feira por jornalistas em frente ao Palácio do Planalto se a semana terá um clima melhor entre as instituições, Mourão confirmou. “Não resta dúvida. Na semana passada, houve uma manifestação maciça em favor do nosso governo, em particular à pessoa do presidente da República. O presidente, na quinta-feira, fez aquela carta buscando diminuir essa tensão e fazer reaproximação com STF, em particular com ministro Alexandre de Moraes”, lembrou o vice-presidente. “A gente começa a segunda-feira com pauta positiva e muita coisa a ser tratada no Congresso. Tem a Medida Provisória da questão das redes sociais, a questão do código eleitoral. Tem muita coisa para ser tratada nesta semana.”

A “declaração à Nação” de Bolsonaro, articulada diretamente pelo ex-presidente Michel Temer, foi um recuo, ainda que temporário, da ofensiva do chefe do Executivo sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), instituição ameaçada por ele nos atos de 7 de setembro.

Após ser alertado pelo presidente da Corte, Luiz Fux, de que sua promessa a apoiadores de descumprir decisões judiciais configuraria crime de responsabilidade, Bolsonaro diminuiu o tom – embora na mesma noite, em transmissão ao vivo nas redes sociais, tenha feito novos elogios às manifestações pró-governo, marcadas por pautas antidemocráticas.

Mourão também minimizou no período da manhã desta segunda-feira os atos da oposição ocorridos no domingo. “Eu nunca desdenho de nada, mas foram bem aquém daquilo que podia se esperar. A esquerda faltando falta muita gente”, disse na sua chegada ao Planalto.

Convocados principalmente por grupos considerados de direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL), os protestos deste domingo tiveram baixa adesão da esquerda, embora algumas figuras tenham marcado presença.

Em São Paulo, por exemplo, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) e a deputada estadual Isa Penna (PSOL) estiveram na Avenida Paulista, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que também deseja disputar a corrida ao Planalto.

Amazônia.

De volta de uma agenda no Pará com embaixadores, o vice-presidente insistiu que os representantes diplomáticos de outros países ficaram satisfeitos com o tour pela Floresta Amazônia. “Andamos 80 km na Transamazônica. Voamos e não tinha nenhuma queimada”, afirmou Mourão. “Estamos vivendo situação econômica difícil no País. Onde tem oportunidade para pessoas ganharem algum dinheiro, vão buscar. Uma delas é o garimpo. Quando é feito dentro da legalidade, muito bem, mas quando está na ilegalidade, compete às forças da lei e da ordem impedir que isso aconteça”, acrescentou.

A fala vem em meio à pressão internacional pela diminuição no desmatamento da Floresta.