Cooperativa Tritícola Santa Rosa (Cotrirosa), que conta com mais de 5,9 mil associados, no município do mesmo nome, na região das Missões, no Rio Grande do Sul, está passando por um profundo processo de mudança, que vai mexer com sua rotina, sem que nenhum objeto sequer tenha de sair do lugar. Toda a mudança será virtual: desde o dia 3 de junho, a cooperativa está implantando um sistema integrado de gestão empresarial, o “enterprise resource planning”, mais conhecido pela sigla ERP. Segundo Adair Galera, gerente administrativo e financeiro da Cotrirosa, a solução vai agilizar  todos os processos da empresa. Até então, aprovar um investimento, por exemplo, levava mais de 30 dias, à espera de que o departamento financeiro pudesse produzir relatórios sobre o assunto. Com o software, Galera estima que uma decisão desse tipo poderá ser tomada em até duas semanas. “Veremos as informações de todas as áreas de negócios da empresa rapidamente, na tela do notebook”, diz ele. “Daí,  é só reunir a diretoria para aprovar o investimento.” 

A Cotrirosa desembolsou R$ 2 milhões para comprar a solução da Sênior, desenvolvedora catarinense de softwares de gestão e recursos humanos de Blumenau. Embora o software tenha uma interface amigável e seja fácil de utilizar, a solução levará um ano e meio para que seja implementada. “Será necessário um longo processo de adaptação, até que todas as informações estejam no sistema e os funcionários aprendam a operá-lo.” 

A novidade vai desburocratizar processos, melhorar o atendimento ao cliente, facilitar a emissão de notas fiscais e reduzir os gastos com papel para a impressão de documentos. “Com certeza, vamos
ter ganhos reais nos resultados da empresa”, diz Galera. Segundo ele, outra vantagem é que a solução tecnológica possui uma base de dados para fornecedores e preços que permite o rastreamento das compras da Cotrirosa. “A solução vai permitir fazer toda a análise econômica e financeira em tempo real.” 

Enquanto a Cotrirosa passa por essa fase de transição tecnológica, a Agropalma, fabricante de óleos vegetais de Belém, já colhe os frutos da informatização. Há quatro anos, a cooperativa paraense utiliza um software ERP da Sênior, que é operado por cerca de 400 funcionários. Segundo Jhovan Obede, coordenador de projetos e service desk da Agropalma, a solução trouxe segurança à empresa. “Todo usuário possui uma senha de acesso, controlamos tudo que é feito e mapeamos os custos”, diz. Na opinião de Obede, o sistema veio facilitar, principalmente, a gestão de suprimentos. “Todos os orçamentos ficam anexados no sistema e a ordem de compra tem a assinatura eletrônica do gestor responsável”, explica ele. “Com o programa, conseguimos mensurar exatamente o que cada área está gastando.” 

Para o presidente da Sênior, Carlênio Castelo Branco, esse movimento de informatização no campo veio para ficar. A indústria de plásticos e de metais, por exemplo, já está acostumada a lidar com informações empresariais em ambiente virtual. O agronegócio, porém, só está se abrindo para esse tipo de tecnologia agora. E não é somente a Sênior que está de olho nesse setor. Grandes
empresas de tecnologia da informação, como SAP, Totvs e Accenture, também vêm desenvolvendo soluções inteligentes para o agronegócio. “O produtor está aprendendo que esse tipo de solução
ajuda a produzir mais, com um menor custo, por gerir melhor o fluxo de caixa e facilitar a logística do negócio”, diz ele. Dos seis mil clientes atendidos pela Sênior, 175 são do campo. Em faturamento,
o agronegócio representou apenas 3,5% do total dos R$ 141,3 milhões no ano passado. Mas isso deverá mudar no médio e longo prazo, acredita Castelo Branco. “É a parte da nossa carteira de clientes que tem o maior potencial de crescimento”, afirma. A Sênior está se especializando nesse filão, com um investimento de R$ 1 milhão em pesquisa neste ano. “Vamos desenvolver ferramentas para que o nosso software tenha cada vez mais aderência aos segmentos do agronegócio”, diz. “É um produto que pode ser customizado e vai evoluir junto com o nosso cliente.” Para 2014, a estimativa é de que o agronegócio responda por 5% de uma receita superior a R$ 190 milhões.