A maior parte das estruturas de mineração em situação crítica está em Minas. Uma delas, da Vale, fica em Barão de Cocais. A estrutura foi colocada em nível 3, o mais elevado na escala de segurança, em 22 de março do ano passado. O status significa que o reservatório pode romper a qualquer momento. Caso isso aconteça, parte da cidade, que tem 33 mil habitantes, será inundada pela lama de rejeitos. Segundo o relatório da ANA, a Vale tem outras 18 barragens em Minas em estado crítico.

Lindaura de Lourdes Mateus, de 52 anos, enfrenta o drama de quem tem o cotidiano completamente alterado pela ameaça de uma barragem em risco. Hoje moradora de Barão de Cocais, ela foi obrigada a deixar sua residência no distrito de Socorro, no mesmo município, há um ano e sete meses por causa do risco de rompimento da barragem da Vale. A saída ocorreu em 8 de fevereiro, portanto, pouco menos de um mês antes de a estrutura ser classificada como de risco 3.

O distrito de Socorro fica na chamada Zona de Auto-Salvamento, área próxima de barragens em que as pessoas contam apenas com recursos próprios – não há por exemplo, a possibilidade de apoio da Defesa Civil – para fugir da lama em caso de ruptura da estrutura. No distrito, moravam cerca de 400 pessoas. Todas foram retiradas.

“Muitos já morreram. A depressão é muito grande”, afirma ela. Mãe de quatro filhos, Lindaura morava em Socorro com o marido, dois filhos e uma irmã. “Tomamos remédio controlado até hoje”, conta.

O aluguel da casa e despesas da família, como água e luz, são pagas pela Vale. “Nada supera o que tínhamos. Era a vida da gente. Tiraram o sentimento da gente. As nossas cabeças continuam lá.”

Lindaura, que trabalhava na escola do distrito afirma que não há nenhuma esperança quanto a um possível retorno à casa em que viviam em Socorro. O marido, que era vigia, também perdeu o emprego.

Procuradas, a Vale e a Fundação Estadual do Meio Ambiente não se pronunciaram sobre a situação das barragens.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.