Ainda não há sinais de pressão de demanda sobre a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), afirmou Pedro Kislanov da Costa, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação de serviços dentro do IPCA acelerou de uma alta de 0,07% em janeiro para um avanço de 0,55% em fevereiro, mas impactada por fatores específicos, como o reajuste sazonal de mensalidades escolares característico do mês.

“Não dá para dizer que a gente tem pressão de demanda. A gente ainda está num cenário muito atípico e de muita incerteza, com aumento no número de mortes na pandemia, adoção de medidas restritivas em várias cidades em março, com possibilidade de volta do auxílio emergencial ou não. São muitas questões que podem afetar a inflação nos próximos meses”, enumerou Kislanov, citando ainda possíveis decretos de lockdown, desemprego elevado e renda mais deprimida. “Não dá para falar em pressão de demanda ainda nesse contexto”, acrescentou.

Já os preços de bens e serviços monitorados pelo governo saíram de um recuo de 0,29% em janeiro para uma alta de 1,69% em fevereiro.

“A principal contribuição para o IPCA de fevereiro foi de monitorados, do reajuste de combustíveis nas refinarias que acaba chegando ao consumidor final”, disse Kislanov.

O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, desceu de 66% em janeiro para 63% em fevereiro. A difusão de itens alimentícios caiu de 73% em janeiro para 67% em fevereiro, enquanto a de itens não alimentícios subiu de 59% para 61%.

“A alta do IPCA em fevereiro é muito provocada pelo aumento dos combustíveis. É preciso avaliar o IPCA mês a mês”, opinou Kislanov.