Quando comprou os 30 mil hectares em que produz algodão, soja, milho e gado para engorda, Ocimar Guimarães não estava satisfeito. Mesmo faturando mais de R$ 100 milhões ao ano, algo não ia bem. Dono de quatro revendas Massey Ferguson em Mato Grosso, ele não queria ser apenas mais um agricultor. Seu sonho era ter sua fazenda, sim, porém cravada num sistema sustentável de produção e que, além dos lucros da terra, desse a ele os benefícios de uma convivência harmoniosa com a natureza. O lugar era bom: solo fértil, chuvas bem reguladas e topografia plana, mas alguma coisa incomodava. A mata estava excessivamente desbastada, segundo ele, por causa da falta de orientação aos antigos proprietários, que não sabiam como lidar com as reservas permanentes. “Muita gente aqui tem vontade de fazer a coisa certa, mas não sabe como”, diz. “Por isso fui atrás de orientação para fazer tudo certo”, afirma. Começou, então, um verdadeiro processo de peregrinação ambiental, cujos objetivos eram bem claros. O primeiro era colocar a fazenda dentro do que manda a legislação, no que tange a regras de áreas de preservação permanente (APP) e identificação de pontos frágeis da propriedade, como cabeceiras de nascentes, entre outras. “Havia muita coisa errada. Quer dizer, na verdade ainda há, mas vamos fazer dessas terras um exemplo”, comenta, entusiasmado.

Passado o primeiro ciclo, de identificar os problemas, Guimarães partiu para o segundo passo: colocar a mão no bolso a fim de “repovoar” as áreas degradadas. “Montamos um viveiro, com diversas mudas de plantas nativas, desde mogno até aroeira e muitas árvores frutíferas”, explica. Mas sua maior paixão são as palmeiras imperiais. Com uma pequena floresta plantada em frente à sede de sua propriedade, ele pessoalmente colhe as sementes e prepara algumas mudas. “É uma forma de estar mais próximo do projeto e dar o exemplo para os funcionários”, destaca. Segundo o produtor, se engana quem pensa que não há custos na preservação ambiental. Para ele, só o fato de monitorar todas as árvores plantadas por si só constitui um custo a ser levado em consideração. “Já plantamos mais de 100 mil mudas nesses três anos e nem começamos”, brinca. Pecuarista, Guimarães entregou no ano passado 86 mil bois aos frigoríficos da região, animais engordados em regime de confinamentos. Para ele, há grandes vantagens em ser ambientalmente correto. “Conforme aumentamos o número de árvores frutíferas, aumentou o número de animais na fazenda e muitos bichos silvestres estão se reproduzindo mais rápido, como o porco-do-mato, que se alimenta até do milho que plantamos”, diz. Como resultado, há mais porcos na região, que têm alimentado as onças, que ficam longe do rebanho comercial. “É um ciclo”, afirma.