O setor de biocombustíveis está em alta neste ano. Isso porque tanto o etanol quanto o biodiesel à base de soja terão sua produção ampliada para atender à crescente demanda do País. O setor da cana-de-açúcar está se recuperando e deve colher 535 milhões de toneladas na safra 2012/2013, que se encerra neste primeiro semestre. As perspectivas para a safra que se inicia na sequência também são animadoras, e devem ultrapassar os 580 milhões de toneladas, contra a desastrosa safra 2011/2012, de apenas 493 milhões de toneladas. “O reflexo de toda essa retomada de crescimento será uma produção maior de etanol”, diz Plínio Nastari, presidente da consultoria canavieira Datagro, de São Paulo.

Na safra 2012/2013, a previsão é de que a produção de etanol fique na casa dos 21,2 bilhões de litros, contra os 20,5 bilhões da safra anterior. Para a safra 2013/2014 a expectativa é de uma produção de 24,1 bilhões de litros. Para Nastari essa produção maior de etanol se dará pelo possível aumento na mistura do biocombustível com a gasolina, passando dos atuais 20% para 25%. “Somente com esse incremento na mistura, precisaremos de 1,9 bilhão de litros de etanol anidro adicionais”, afirma Nastari. Além disso, a expectativa é de que os Estados Unidos ampliem em um bilhão de litros sua importação de etanol brasileiro. Com isso, o País chegará a um volume próximo de 4,1 bilhões de litros exportados, em 2013/2014, contra os três bilhões de litros da safra anterior.

O setor de biodiesel também está otimista em relação à ampliação da demanda neste ano, com o aumento previsto de 5% para 7% na mistura com o diesel convencional, no primeiro semestre. Desse modo, a demanda pelo biocombustível à base de soja deve crescer 35%, passando de 2,8 bilhões da safra 2012/2013 para 3,8 bilhões na safra que se inicia em 2013. “Temos 50% de capacidade ociosa, e podemos ampliar a produção imediatamente”, diz Julio César Minelli, diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).

Elizabeth Farina

Presidente da Unica

Recém-empossada na presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a economista paulista Elizabeth Farina (ex-Cade), a primeira mulher à frente da principal entidade da indústria sucroalcooleira, falou com exclusividade à Dinheiro Rural sobre os desafios de 2013.

Qual o principal desafio que a espera à frente da Unica?
Precisamos recuperar a confiança do consumidor, do governo e do investidor. O maior desafio hoje é esse. O etanol brasileiro tem toda a condição de abastecer o mercado interno, as exportações, principalmente avançando no setor de bioeletricidade e de etanol celulósico, já que isso dilui custos de produção. A reputação leva tempo para ser construída e pode se perder rapidamente. Existe muita confusão e desinformação sobre o nosso setor e é nosso papel contribuir para evitar mal-entendidos e recuperar a confiança na energia verde.

Como a Unica pretende agir para recuperar os investimentos para o setor?
É necessário um ambiente institucional que dê segurança ao investidor, mantendo apenas os riscos normais do negócio. Fazemos parte de uma matriz energética e precisamos de políticas públicas adequadas. O governo deve se preocupar com o preço da gasolina, pois isso terá um impacto inflacionário e pode ter desdobramentos negativos em relação à competitividade do etanol.

Qual o desafio do setor sucroalcooleiro como parte do agronegócio brasileiro?
Acredito que o grande desafio do agronegócio moderno é incorporar a área de energia e combustíveis junto a ele. Há grandes debates nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil sobre a relação entre combustível, alimentos e energia. O setor de biocombustíveis enfrenta esse desafio e cobra do governo novas normas regulatórias e discussões a respeito. Assim como nós, da Unica, também enfrentamos discussões sobre a relação alimento versus combustível ou energia, a todo o momento.

Sua escolha para o comando da Unica pode ajudar na comunicação direta com a presidenta Dilma, que gosta de ter mulheres liderando entidades?
Será ótimo se a solidariedade feminina se manifestar neste momento. A presidenta Dilma tem uma mente muito técnica, voltada para argumentos racionais. Quando eu puder conversar com ela, acredito que teremos uma discussão muito proveitosa para o setor da cana.