O  mercado de saúde e nutrição animal é dividido em duas áreas. A primeira, focada nos animais de companhia, vende produtos para cães e gatos, um mercado que cresceu muito nos últimos anos, mas que perdeu fôlego em tempos de crise. A outra área, especializada nos animais de produção, desenvolve linhas exclusivas para criações de aves, suínos e bovinos, atividades que vêm se destacando mesmo em meio ao cenário econômico adverso. Como consequência desse bom momento, os produtores devem investir mais em saúde e nutrição animal – o que é uma excelente notícia para as indústrias do setor.

Para 2016, a perspectiva é ainda mais positiva, especialmente após a abertura de novos mercados para exportação e a expectativa de manutenção dos preços das carnes. No mercado interno, existe uma tendência de migração de proteínas de maior valor agregado para proteínas mais acessíveis. “Se existe um aumento de demanda por aves, por exemplo, por ser uma carne mais barata neste momento, então naturalmente vai ter uma aumento de produção, no número de aves, e isso impacta diretamente nas vendas de produtos para o segmento”, afirma Stefan Mihailov, presidente da Phibro Saúde Animal.

De acordo com o executivo, as vendas só não serão maiores por se tratar de um segmento que há muitos anos investe em tecnologia e já possui um nível de produtividade bastente elevado. Na pecuária, o nível de adoção de tecnologias é muito menor. “É claro que existe espaço para o crescimento em aves e suínos, mas seria muito mais uma sintonia fina. Já em bovinos, a adoção de tecnologias para acelerar a produtividade é um grande oceano azul, com muitas oportunidades. O mercado de ruminantes tem um potencial de crescimento maior que outros segmentos”, diz Mihailov.


“É preciso melhorar os resultados dentro da mesma área” Stefan Mihailov, presidente da Phibro

O que esperar de 2016?
Existem perspectivas muito positivas para o agronegócio em 2016, especialmente nos setores exportadores. As questões cambiais tornaram o Brasil mais competitivo, podemos aumentar nossa participação no mercado global. Mas no mercado interno, a crise afeta a economia de forma geral, e nos alimentos não é diferente.

Qual o mercado com maior potencial de crescimento?
Mesmo com a queda no consumo interno, eu considero que o mercado de bovinos é o que tem o maior potencial de crescimento, pois em comparação com aves e suínos é um mercado que ainda tem um nível de adoção de tecnologias mais baixo.

A alta nos custos de produção pode comprometer o investimento em tecnologia?
Existe um aumento de custos e o preço de venda quem determina é o mercado, então a margem fica espremida. É preciso melhorar os resultados dentro da mesma área. Aumento de produtividade passa pela adoção de tecnologia e nesse sentido, a indústria de saúde e nutrição animal é favorecida, pois a tecnologia se torna indispensável.

Apesar da queda no consumo interno, a perspectiva de aumento nas exportações de carne bovina tem animado a cadeia produtiva do setor. No mercado externo, os animais mais jovens e bem acabados são valorizados. Os criadores sabem disso e aproveitam o bom momento para investir na intensificação e melhoria dos rebanhos. E nem os preços mais altos dos insumos, reflexo da variação cambial de quase 50% nos últimos 12 meses, deve impactar as vendas do setor.

“Os insumos têm os preços atrelados ao dólar. Naturalmente, esses produtos tiveram uma valorização em real. Mas o setor de insumos trabalha com estoques não muito longos, portanto os produtos já estão com preços reajustados”, explica o executivo. “Existe uma preocupação do mercado em relação à situação e cada empresa vai precisar encontrar a melhor estratégia para ofertar o produto da forma mais acessível ao consumidor final.”

Para os segmentos exportadores, que trabalham com contratos em dólar, os aumentos nos custos dos insumos serão compensados pela maior remuneração em reais. No mercado interno, porém, a alta dos custos deve pressionar as margens para baixo. E nesses casos, não existe alternativa a não ser aumentar a produtividade no pasto. Ou seja: o pecuarista brasileiro vai precisar produzir mais carne por hectare para poder enfrentar o câmbio desfavorável.

“Eu enxergo um cenário positivo para aqueles produtores que se adequarem à essa nova realidade. O mercado está mais exigente. No caso da carne bovina, se adequar significa antecipar o tempo de abate, virar mais rápido o estoque e reduzir a pressão sobre o meio ambiente. Desta forma, terá mercado garantido, com remuneração diferenciada. É preciso melhorar os resultados dentro da mesma área”, completa Stefan Mihailov.

A entrevista completa, em vídeo, pode ser acessada abaixo:

ESPECIAL PERSPECTIVA – RURAL 2016

Ano gordo para a pecuária

Um setor em reconstrução

Cenário desefiador para os defensivos