Em sua primeira mensagem como comandante do Exército, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira afirmou que a instituição deve se basear no texto constitucional para “continuar representando vetor de estabilidade e de garantia da ordem no País”. Oliveira foi alçado ao posto após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitir o general Edson Leal Pujol e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica, que resistiam a uma maior politização da tropa. Foi a primeira vez que um presidente trocou toda a cúpula militar do País no meio do mandato.

“Fiéis aos princípios basilares da hierarquia e da disciplina, e sob a estrita observância da ordem constitucional vigente, devemos continuar a representar vigoroso vetor de estabilidade e de garantia da ordem e da paz social”, disse, em um vídeo oficial divulgado nesta sexta-feira, 23.

Paulo Sérgio fez elogios ao seu antecessor, Pujol, pelo que definiu como transição com “serenidade e equilíbrio” recheada de “inequívocas demonstrações de lealdade e camaradagem”.

Antes de se dirigir à tropa, o novo comandante fez um breve agradecimento a Bolsonaro, a quem se referiu como “comandante supremo das Forças Armadas” e ao ministro da Defesa, general Braga Netto.

Sem fazer qualquer menção à crise que levou à troca repentina na cúpula das Forças Armadas, o novo comandante afirmou que o Exército “esteve e estará sempre junto ao povo brasileiro”.

No discurso, de cerca de sete minutos, ele também fez um aceno aos militares que foram para a reserva, ao pedir para que permanecessem unidos. “À nossa reserva ativa, briosos veteranos e militares temporários que deixaram o serviço ativo, mas não despiram a farda verde-oliva. Vocês são muito importantes para a Força – nossa reserva mobilizável. Mantenhamo-nos unidos”, frisou.

A ascensão de Paulo Sérgio é coberta de expectativas sobre um possível envolvimento do Exército com a política e com um maior alinhamento com o governo Bolsonaro. A troca na cúpula das Forças Armadas ocorreu após uma crise na Defesa por diferenças no entendimento sobre como as Forças Armadas deveriam se envolver com o governo.

O não alinhamento direto levou o presidente a pedir o cargo do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Amigo de Bolsonaro há décadas, ele se recusava a garantir esse envolvimento e a manifestar apoio das Forças Armadas a posições do presidente.

O cenário levou, em março, à inédita demissão conjunta dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Todos manifestavam resistências diante do interesse do presidente de politizar as Forças Armadas.