As paralisações promovidas por caminhoneiros que bloqueiam rodovias pelo País poderão causar “sérios transtornos à atividade de transporte”, com “graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio”. O temor foi manifestado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que divulgou nota de repúdio a essas manifestações organizadas na esteira dos atos do 7 de Setembro, incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro.

A entidade, que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte associadas direta e indiretamente e mais de 50 entidades patronais, afirmou que a movimentação é de natureza política e está dissociada das bandeiras e reivindicações da categoria de caminhoneiros autônomos.

“NTC&Logística vem manifestar total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do País, por influência de supostos líderes da categoria. Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, afirmou a associação em nota.

A entidade reforçou que tais bloqueios e suas eventuais consequências para o abastecimento poderão atingir diretamente o consumidor final e o comércio de produtos de todas as naturezas, incluindo alimentos, medicamentos e combustíveis.

Na nota, a NTC&Logística diz esperar que as autoridades dos governos federal e estaduais adotem as providências “indispensáveis” para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o “pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional”. “As empresas de transporte rodoviário de cargas, desde que garantido o livre trânsito dos seus veículos, terão condições de assegurar a continuidade do normal abastecimento em toda a cadeia de produção e consumo para a tranquilidade de todos”, afirma a entidade.

“A NTC deixa claro que não apoia esse movimento, repudiando-o, orientando as empresas de transporte a seguirem em sua atividade e orientando os seus motoristas para em caso de bloqueio ao trânsito dos seus veículos acionarem imediatamente a autoridade policial solicitando sua liberação”, conclui.

Há pouco, o Ministério de Infraestrutura informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está atuando para desmobilizar bloqueios de estradas realizados por caminhoneiros. A previsão, segundo nota da pasta, é garantir o livre fluxo nas rodovias, com a tendência de fim das mobilizações, até a meia-noite desta quinta-feira, 9. Os bloqueios começaram ontem.

Segundo informações da PRF, até 14h30, foram registrados pontos bloqueados em quatro Estados, com a maior parte concentrada no Estado de Santa Catarina. Os demais Estados não foram informados, mas, de acordo com a pasta, a Polícia atua em todas as localidades identificadas para garantir o livre fluxo.

A pasta vinha monitorando a possibilidade de paralisações convocadas por caminhoneiros que apoiam o presidente Bolsonaro. Essa mobilização de integrantes da categoria, no entanto, conflita com o trabalho do ministério para evitar protestos nas estradas federais. Desde a greve dos caminheiros de 2018, o governo federal vive com o fantasma da paralisação, que impactou a economia do País e forçou o Executivo a adotar medidas que até hoje geram debate, como a tabela do frete rodoviário, demanda da categoria.

Também em nota divulgada nesta quarta, o Ministério informou ainda que os atos não são organizados por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e que a composição das mobilizações é heterogênea, “não se limitando a demandas ligadas à categoria”.