A diversidade regional do Brasil e suas particularidades em relação ao perfil dos produtores rurais, bem como as modalidades de vendas que passam por negócios diretos, como cooperativas, distribuição e pools de compras compõem com as culturas cultivadas uma combinação de fatores específicos do agronegócio. Essas peculiaridades tornam o setor complexo e, consequentemente, dificultam o trabalho das consultorias responsáveis pela seleção dos profissionais que vão atuar no segmento. Somado a essa realidade, há também um cenário econômico turvo em 2015, o que leva ainda mais à necessidade das empresas de contratarem profissionais que sejam capazes de enfrentar turbulências fora e dentro das organizações.

Atualmente, as empresas têm demandado por profissionais mais completos e com maior amplitude de conhecimento, o que significa deter ao mesmo tempo conhecimentos técnicos e também mercadológicos. Entre os atributos almejados estão a visão de acesso a mercado, a capacidade analítica, os conhecimentos de ferramentas financeiras e de mercado futuro, para desenhar e implementar as estratégias em cada região na qual atuará. O perfil dos produtores rurais também tem mudado e, com isso, a descrição do profissional demandado pelas empresas familiares segue o mesmo ritmo das grandes corporações. Por se tratar de um período econômico com menor espaço para altos investimentos, e muito menos espaço para erros, a decisão dos negócios no meio rural precisa ser tomada por profissionais tecnicamente competentes, com excelentes habilidades gerenciais e comportamentais, além da total afinidade com a cultura organizacional das empresas. Dessa forma, as buscas por profissionais capazes de gerar bons negócios é uma tarefa difícil.  Se o começo for desastroso, o resultado final inevitavelmente será semelhante. Nesse contexto, antes das contratações, o importante é levar em conta todas as variáveis possíveis.

Nos dias atuais, as empresas desejam profissionais com características que vão além dos quadros técnicos ensinados nos cursos agrários e suas áreas correlatas. Um exemplo diz respeito à origem dos profissionais que trabalham no campo. Boa parte deles, oriundos de famílias e com educação simples, conhece a lida no campo. Mas, quando o profissional tem origem no meio urbano, raramente conhece os procedimentos de uma propriedade rural. Não é uma verdade absoluta, porém, de um modo geral, a origem do profissional é um fator que facilita a sua adaptação e o seu interesse em se deslocar para regiões distantes dos grandes centros urbanos. Embora muitas regiões mais longínquas tenham mudado completamente de perfil na última década, viver nesses locais é sinônimo de contar com menos infraestrutura de serviços de saúde, logística e opções de entretenimento.

Quando o profissional a ser contratado não atende ao perfil desejado, ou ideal, é preciso deixar claro que durante a sua experiência no mercado rural, ele terá que fornecer serviços a um cliente que trabalha numa jornada integral. Janelas de plantio, aplicação de produtos e colheita, por exemplo, não são modelos matemáticos, são tarefas que dependem de fatores climáticos. Por isso, não há como prever, com certeza, os feriados ou finais de semana. Profissionais do agronegócio precisam compreender  todas essas demandas para conviver de forma prazerosa com suas escolhas. 


Foco na escolha: ao compreender as demandas do setor, o profissional trabalha de forma prazerosa

Outra característica que pode ser colocada como um elemento desafiador nas contratações é a capacidade do profissional de  entender o produtor que o está contratando.  O talento em desenvolver relações de confiança e criar empatia é fundamental no relacionamento. O produtor rural valoriza esse aspecto nas contratações e toma muitas decisões com base nesses dois fatores. Com isso, é possível apontar três áreas nas quais é difícil encontrar, atualmente, profissionais capacitados para o campo. Uma delas se refere aos especialistas das áreas de marketing e de operações estruturadas, como barter, por exemplo, modalidade de vendas na qual é feita troca de produtos por commodities agrícolas. As outras duas demandas são por profissionais destinados à área regulatória, para o registro de produtos, e à área de gestão de pessoas.