O presidente Jair Bolsonaro foi cobrado neste sábado, 19, pela alta no preço do arroz. “Presidente, não esquece o arroz”, disse uma mulher na Praça dos Três Poderes, onde o chefe do Executivo parou para cumprimentar pessoas e tirar fotos, sem máscara, depois de ir a um evento religioso nesta manhã.

“O arroz tá muito caro, Bolsonaro”, completou a mulher, que não foi identificada. “Se os problemas do Brasil… é só o arroz, tá resolvido”, respondeu o presidente fazendo sinal de “joia”, sem dar mais detalhes.

Debaixo de sol, o chefe do Executivo conversou brevemente com populares, usando terno e gravata, e segurando um picolé na mão esquerda. Paradas rápidas na Praça dos Três Poderes durante os finais de semana são comuns na agenda do presidente.

O pedido da apoiadora escancara a insatisfação popular com a disparada recente do preço do arroz, um dos principais componentes do prato do brasileiro. O aumento da demanda interna e externa pelo produto foi influenciado pela pandemia do novo coronavírus e refletiu em alta no preço.

Após a crítica da apoiadora ao preço do arroz, Bolsonaro encerrou a passagem pela Praça dos Três Poderes.

Tarifas. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já avisou que, apesar dos esforços do governo em negociar com produtores e zerar tarifas de importação até dezembro, o atual patamar de preços só deve baixar mesmo a partir de 15 de janeiro, quando entrar a safra brasileira. “E tudo indica que será uma safra muito boa, pelo que estamos vendo. Teve aumento de área e deve ter de produtividade”, afirmou a ministra na última quinta-feira, ao participar do Estadão Live Talks, evento realizado em parceria com a Tendências Consultoria Integrada.

Na semana passada, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, anunciou a redução total, até o final do ano, da alíquota de importação para uma cota de 400 mil toneladas de arroz. Em declarações recentes sobre o assunto, Bolsonaro negou a possibilidade de interferência no mercado e de tabelamento de preços.

Como o Broadcast/Estadão mostrou, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão do Ministério da Agricultura que coordena o estoque de alimentos no País, a decisão de zerar a alíquota de importação deve ter efeito a partir do próximo mês. A expectativa é reduzir a instabilidade nos preços, que chegaram a subir mais de 100% nos últimos dias.

Aglomeração. Ao deixar a Praça dos Três Poderes, o chefe do Executivo ainda fez uma parada rápida no Palácio do Planalto. Ele permaneceu no local por pouco tempo, seguindo depois para a residência oficial, o Palácio da Alvorada. Chegando ao local, o presidente parou brevemente para cumprimentar apoiadores que o esperavam em frente ao Palácio.

Pela manhã, Bolsonaro participou da abertura de uma convenção evangélica na sede nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, em Brasília. O evento reuniu cerca de 850 pessoas, segundo informações da organização.

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