“A moratória da soja deve ser expandida para outros setores, como o madeireiro e o da carne”

Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente

Desde que foi firmada em meados de 2006, a moratória da soja parecia uma medida quase utópica. Pelo acordo, firmado entre a ONG Greenpeace, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Óleo Vegetal (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereal (Anec), algumas gigantes do setor, como Bunge, Cargill, Caramuru, ADM, Amaggi, entre outras, se comprometeram a não comprar soja produzida em regiões desmatadas da Amazônia pelo prazo de três anos. O tempo passou e a decisão de prorrogar a moratória até 2010 mostra que a medida se tornou uma ferramenta eficiente no combate ao desmatamento. De acordo com dados do Greenpeace, que coordena as fiscalizações da moratória, na safra 2008/2009, foi verificada uma área de 157,8 mil hectares, nos Estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia. Nessa região, o que se constatou foi que apenas 0,88% dessa área era ocupada com plantio de soja. Volume que faz com que a leguminosa não seja um fator de desmatamento da floresta.

Derrubada Zero: o produto é responsável por apenas 0,88% do desmatamento na Amazônia

“A moratória deverá ser expandida para os setores madeireiro e de carne bovina, num esforço para estimular a legalização das cadeias produtivas”, declarou o ministro do meio ambiente, Carlos Minc, que reconheceu a eficiência da medida. “Eu credito a diminuição expressiva do desmatamento a pactos como a moratória da soja”, diz.

Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, no caso da pecuária, a moratória poderia ajudar a pressionar quem produz carne fora das normas ambientais, desde que se tenha cautela. “Existe uma norma ambiental que determina um limite de área desmatada. Nenhum produtor que está dentro da lei pode ser punido”, pondera.

Já o diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, comemora o fato de a medida ter conseguido unir grandes empresas agrícolas e ambientalistas. “É inegável a importância do comprometimento da indústria da soja na redução do desmatamento da Amazônia. Agora temos que lutar para que outras empresas possam aderir ao acordo.”