Acostumada com um crescimento anual de 10% em suas vendas, a Ihara, fabricante paulista de defensivos agrícolas, baseada em Osasco (SP), tem uma visão integrada para trabalhar no campo. Ao mesmo tempo que pesquisa um vírus para controlar a lagarta Helicoverpa armigera, que assusta os produtores de milho, soja e algodão, e um regulador de crescimento e promotor de qualidade para a maçã, a empresa mantém vários projetos de sustentabilidade, educação ambiental e percepção do negócio, propondo um novo olhar para o campo, integrando o produtor com a sua cultura.

Ao longo da última década, a Ihara, fundada em 1965 pelo imigrante japonês Kitashi Mochizuli, teve parte do seu controle acionário transferido para empresas do setor químico do Japão. Em 2011, cinco grupos, entre eles a Nippon Soda, a Kumiai e a Sumitomo Corporation, assumiram integralmente a empresa, deixando o comando da operação para executivos locais. Aparentemente, os novos controladores não se arrependeram: no ano passado, o primeiro sob a nova composição acionária, a empresa faturou R$ 822 milhões, um crescimento de 27% sobre os 12 meses anteriores, desempenho turbinado pelos recordes das chamadas grandes culturas, como soja, cana, milho e algodão.

Até 2016, a participação dessas lavouras deve crescer de 35% para 50% no faturamento da Ihara, campeã do segmento de Fertilizantes e Agroquímicos da edição As MELHORES DA DINHEIRO RURAL. Para atingir esses objetivos, o departamento de pesquisas contará com aportes anuais de US$ 20 milhões, provenientes dos controladores japoneses. No fim do ano passado, a empresa lançou sete novos produtos no mercado e aguarda a repercussão destes lançamentos, enquanto trabalha no projeto de um novo nematicida para a cana. No entanto, a busca por soluções inovadoras não impede que, frequentemente, a empresa coloque em sua linha produtos com pós-patente, conhecidos como genéricos.

O pragmatismo na busca de soluções emergenciais, para situações que surgem no dia a dia do campo brasileiro, exige respostas rápidas, como o controle da lagarta helicoverpa, do percevejo e da mosca-branca, que atacam as lavouras, causando grandes prejuízos. A empresa assegura que o departamento técnico não vai ao campo apenas para indicar produtos e dosagens. “Os agricultores estão cada vez mais conscientes de que o manejo integrado, em todos os aspectos, é fundamental”, diz José Gonçalves do  Amaral, diretor da Ihara. “A alternativa de produtos químicos e biológicos colabora com a nossa linha de manejo.” Com essa filosofia, a Ihara implantou há 20 anos o projeto “Planta Forte”. O projeto atraiu especialmente os plantadores de feijão, que continuam chegando até hoje para conhecer os métodos de gestão e a melhor forma de comercializar a sua safra. A utilização e a aplicação corretas dos defensivos químicos é outra preocupação da Ihara. Por isso, para evitar a alta incidência de intoxicações no campo, a empresa criou outro programa, o “Cultivida”, agregando ao projeto prefeituras e agentes do Sistema Único de Saúde. O objetivo é prevenir e ensinar os agricultores a reconhecerem rapidamente os casos de intoxicação e a realizar os primeiros socorros, ainda na propriedade. “Nossa pesquisa trabalha com a mesma determinação, tanto para encontrar uma nova alternativa para controlar as pragas da batata quanto para desenvolver um sistema integrado para proteger as lavouras de cacau”, diz Amaral.