Aleksandar Mandic é, sem dúvida, um desses empresários ávidos por inovações. Há quase 20 anos ele fundou a empresa de tecnologia Mandic e se tornou um dos precursores da internet no Brasil. Não satisfeito, foi um dos fundadores do IG, um dos primeiros portais de internet gratuitos. Sempre em busca de novos desafios, agora o empresário está colocando toda essa expertise a serviço da criação de cavalos. Desde o início do ano ele ocupa o cargo de diretor de tecnologia do Jockey Club de São Paulo e já acena com um projeto que promete revolucionar as corridas de cavalo e o treinamento de animais de performance.

Trata-se de um programa para medir o desempenho desses animais com o uso da telemetria, um tipo de tecnologia usada há muitos anos pela Formula 1, responsável pelas medições de velocidade dos carros em cada volta, a distância entre o primeiro e último colocado, a temperatura em cada curva, etc. “Hoje só podemos medir o animal na linha de chegada. Já nas corridas de Fórmula 1 você sabe em qual trecho o carro é mais rápido, onde ele perde mais, e a partir disso consegue trabalhar para melhorar o desempenho. Com os cavalos será a mesma coisa”, explica Mandic.

MANDIC: os custos para desenvolver o novo programa ainda são altos, cada eletrodo custa em torno de R$ 40 mil

O sistema, que vem sendo desenvolvido em parceria com uma empresa de monitoramento de gado, funcionará com o uso de pequenos sensores, que serão colocados nos cavalos e em trechos ao longo da pista. Eles serão responsáveis por coletar os dados e enviá-los para um software, que analisará essas informações. Os sensores pesam cerca de 10 gramas, são pequenos e não precisam de pilha ou bateria. De acordo com Mandic, a grande vantagem é que o programa irá permitir a criação de um histórico do desempenho do cavalo, além de mostrar de forma clara os pontos fortes e fracos de cada animal. “A idéia é colecionar os índices de cada animal, possibilitando a criação de um banco de dados sobre seu desempenho”, conta o empresário, que já vislumbra várias utilidades com o programa. “A partir desses números abre-se um mundo de possibilidades. Podemos, por exemplo, abrir dados dos cavalos para os apostadores verem a curva de desempenho do animal, se ele está subindo ou descendo. Hoje os dados são muito pobres, a única coisa que se sabe é quem é o primeiro, segundo e terceiro colocado.”

No entanto, os criadores que se interessarem pela tecnologia ainda vão ter que aguardar um pouco, já que o sistema ainda está em fase embrionária e há uma série de pontos a serem resolvidos. Entre eles um detalhe importante: o preço. Segundo o empresário, ainda não há uma previsão de quanto será gasto para implantar o sistema. “Cada sensor custa em média R$ 40 mil, mas não definimos qual a quantidade de sensores necessária para coletar os dados que queremos nem qual a infra-estrutura que isso requer.” Mesmo diante dessas dúvidas, Mandic diz que a expectativa é de que a tecnologia esteja 100% disponível já no Grande Prêmio Brasil de 2009. “Não se trata de algo de outro mundo. É uma questão de adaptar uma tecnologia para a função que queremos”, pondera Mandic, que conta que o programa deverá começar a ser testado de forma extra-oficial até a segunda quinzena de setembro.

Mas os planos de Mandic vão além do uso da telemetria nos cavalos. A idéia é levar adiante um amplo plano de modernização do Jockey Club. Entre as idéias estão a instalação de um mega telão na cabeceira da pista e a criação da cidade digital, projeto que permitirá sinal de internet sem fio em toda a área do Jockey e eliminará todos os fios do local. “Na minha cabeça, tudo isso já existe e são coisas viáveis”, filosofa. Com a cabeça em constante movimento, o empresário não descarta, no futuro, levantar vôos em outros setores do agronegócio. “Esse é o tipo de coisa que pode acontecer. Basta surgir alguma idéia.”