Na última década, o volume de produção de cerveja cresceu, em média, 6% ao ano. Em 2013, pela primeira vez em muito tempo, o brasileiro está bebendo menos loiras  geladas. Até outubro deste ano, o volume de produção do líquido feito com malte de cevada e lúpulo caiu 2,2%, de acordo com dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas do governo federal. As razões para essa queda são muitas. Elas passam pela Lei Seca, que ficou mais restritiva ao consumo de álcool, e até por um verão mais chuvoso, o que contribuiu para a queda no consumo. Esse cenário fez a produção da Ambev, maior cervejaria da América Latina, cair 3,4% nos primeiros nove meses de 2013. Em refrigerantes, a queda foi de 3%. O lucro líquido reduziu-se 3,1%, no mesmo período, quando atingiu R$ 6,5 bilhões. A receita líquida chegou a R$ 23,7 bilhões, um crescimento de 7,4%, fruto do aumento de preços e da maior participação das marcas premium. Mesmo diante dessa situação mais difícil, a Ambev não tirou o pé do acelerador. A companhia manteve inalterado o plano de investimentos, que prevê gastos de R$ 3 bilhões. Por esse motivo, a Ambev é a vencedora em Bebidas do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL.

A razão para manter o otimismo é simples. Os executivos da companhia estão de olho em 2014, quando eventos como a Copa do Mundo de Futebol e as eleições presidenciais devem contribuir para aumentar o consumo de cerveja. Esse potencial foi confirmado durante a realização da Copa das Confederações, em junho deste ano. Nesse período, a companhia teve um incremento de 300 mil hectolitros por conta dos jogos, o equivalente a um aumento de 1,6% nas suas vendas de  cervejas no segundo trimestre deste ano. Na Copa do Mundo, o aumento pode ser de 3,5%, segundo um estudo feito pela analista Catarina Pedrosa, do banco de investimento BES Securities. É como se a Ambev tivesse um verão em pleno inverno. “O pacote para 2014 é bastante positivo”, afirma João Castro Neves, presidente da Ambev. “Do contrário, reveria para baixo os meus investimentos.” Mas a Ambev não está esperando a Copa do Mundo para ver seus resultados melhorarem. Pelo seu estilo de gestão peculiar, baseado nos princípios do trio do Garantia – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira –, a companhia já adotou uma série de práticas para corrigir a rota deste difícil 2013. A dona da Skol, Brahma e Antarctica, que detém uma fatia de 70% do mercado de cervejas, reforçou os cortes de custos. Nessa fase, nenhum detalhe é esquecido e até os gastos considerados menos relevantes são repassados, como os com os motoboys em suas fábricas. Tanto que uma frase comum na Ambev, repetida por seus executivos, é que “custo é igual a unha; se não cortar, não para de crescer.” O resultado dessa obsessão foi uma redução de 6,3% nas despesas operacionais no terceiro trimestre de 2013.

Por outro lado, a Ambev reforçou sua aposta na categoria premium, que conta com as marcas Budweiser, Bohemia, Original e Stella Artois, mais caras que as cervejas tradicionais. Atualmente, elas respondem por uma fatia de 6% da receita, que chegou a R$ 32,2 bilhões em 2012. Há dois anos, representavam 4%. No terceiro trimestre, a receita por hectolitro cresceu 6%. Esse desempenho, de acordo com a companhia, deve-se, em parte, ao maior peso dos volumes das cervejas especiais. “Quando a luta está brava, os bravos vão à luta”, costuma dizer Castro Neves. Por tudo isso, 2013 foi o ano para ajustar o time e as táticas para fazer um gol de placa na Copa do Mundo.