Grupo investe R$ 55 milhões na construção de uma fábrica em Mato Grosso do Sul para aproveitar as mudanças dos hábitos alimentares dos brasileiros

O crescimento do mercado nacional de fast-food está atraindo a atenção das grandes marcas do setor. Liderado pelo americano McDonald’s, é disputado por nomes como Subway, Bob’s e Giraffas, de olho em cada centavo dos R$ 15,3 bilhões gastos, anualmente, com esse tipo de alimentação, no País. A guerra pelo hambúrguer do brasileiro, que recentemente assistiu à entrada de mais um protagonista peso-pesado, o empresário Gilberto Sayão, o novo controlador da Burger King, também se traduz em oportunidades de negócios para a cadeia da carne no Brasil. De olho nesse filão, o grupo JBS investiu R$ 55 milhões na construção de uma fábrica de hambúrguer em Campo Grande (MS), com capacidade para processar 64 toneladas de produtos por dia. É uma das maiores fábricas do País para esse fim. “As gerações vão mudando”, diz Wesley Batista, CEO do JBS. “Nossos filhos cada vez mais consomem sanduíches e o brasileiro, de modo geral, cozinha cada vez menos.” Segundo ele, o JBS acredita que a demanda por hambúrguer será crescente. A empresa já o produz nas unidades de Lins e Barretos, ambas no interior paulista, mas não divulga o volume de carne processada. “A unidade de Mato Grosso do Sul, além de exclusiva para congelados, passa a ser a maior do grupo para esse fim”, diz Eduardo Azzi, diretor comercial do JBS no Estado.

Valor de mercado: “Os americanos têm pavor de que o Brasil inunde o país deles de carne”, diz Wesley Batista

Além de hambúrguer, a nova fábrica vai produzir almôndega, quibe e carne moída congelada. O JBS tem três unidades de abate em Mato Grosso do Sul, para fornecer matériaprima à fábrica de hambúrguer. O abate é de quatro mil animais por dia. O JBS também planeja o lançamento do hambúrguer orgânico. A carne virá de 100 mil animais, em 22 fazendas, que não utilizam herbicidas e remédios alopáticos. Não há no Brasil números oficiais sobre o consumo da carne moída e prensada. Mas é visível o aumento do consumo de hambúrguer, o que criou um nicho atraente para as indústrias. “Há hambúrguer de tudo quanto é tipo e qualidade”, diz Batista. “Não é correto associá- lo apenas a produtos pobres em nutrientes.” A matéria-prima na fabricação é o dianteiro do boi, onde estão os cortes de menor valor, e os retalhos que sobram de cortes embalados a vácuo, como a picanha e a maminha.

Os frigoríficos brasileiros sempre sonharam em exportar dianteiro de carcaças bovinas para os Estados Unidos, país que tem a maior demanda mundial de hambúrguer. A população de 308 milhões de habitantes consome cerca de 12,3 bilhões de unidades por ano, média de 40 hambúrgueres por pessoa. Embora os olhos brilhem com a perspectiva de abastecer esse mercado, Batista é cético quanto à possibilidade de que isso ocorra a médio prazo. “Os americanos têm pavor de que o Brasil inunde o país deles de carne.”