por Thiago Mascarenhas*

O uso de Inteligência Artificial (IA) tem mudado a rotina não somente das indústrias alimentícias, mas de toda a cadeia, isto é, desde o produtor até o consumidor final. A partir dessa tecnologia, os produtores passaram a ter mais qualidade com os processos automatizados, enquanto o consumidor passou a ter a oportunidade de conhecer a origem e a procedência do produto. Já as indústrias diminuíram suas perdas e ganharam na valoração de sua produção.

Hoje, a IA está presente principalmente no setor administrativo, na área de marketing e nos meios de comunicação com o cliente, porém, para que a solução adentre nas linhas de produção das indústrias alimentícias, é necessário que o nível da operação industrial evolua tecnologicamente.

Ao lidar com alimentos com riscos de contaminação e representativos investimentos, como a avicultura, por exemplo, seria inviável colocar sensores em cada frango para acompanhar seus dados de qualidade e rastreabilidade. Porém, com o avanço da Inteligência Artificial, é possível instalar câmeras especiais que conseguem colher os dados por meio da visão computacional, sem que haja a necessidade de intromissão na rotina da linha de produção. Diariamente, numa indústria, são perdidos cerca de 200 frangos por não estarem de acordo com o peso correto e, com a ajuda das imagens e da IA, é possível saber a qualidade do frango que chega até a indústria e de qual produtor a ave originou. Ou seja, é possível qualificar e rastrear o produto desde o momento que sai da granja até que esteja embalado.

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Após esse processo na fábrica, quando o produto vai para o armazém, a Inteligência Artificial se une à tecnologia do blockchain para determinar seu destino, ou seja, para qual mercado o produto será direcionado. Além disso, a IA tem automatizado a leitura dos códigos de barras por meio das câmeras, dispensando o trabalho de uma pessoa para o uso manual de leitor a laser para a verificação de cada produto.

Com toda essa bagagem de informação criada, o consumidor final pode saber como o frango foi criado, quanto tempo levou para ser abatido até ser consumido, além de obter informação sobre a qualidade desse produto. Com isso, a indústria alimentícia aumenta sua receita com a valoração do item e ainda surge a oportunidade de criação de novos negócios, pois, com todos os dados colhidos, é possível monetizá-los e vendê-los para as pequenas empresas.

A Inteligência Artificial está numa evolução exponencial. Seguindo os preceitos da Lei de Moore, que profetiza sobre o aumento do poder computacional versus a redução cada vez maior do seu custo – o que fará com que a IA esteja, em pouco tempo, cada vez mais presente em tudo – vemos um cenário que atinge em cheio as indústrias.

Por um lado, as grandes corporações estão de olho nessa tendência e seguem se digitalizando, o que significa que em pouco tempo acontecerá o efeito de rede com a IA. Por outro lado, também vemos a ascensão do metaverso, ou seja, a junção dessa realidade com a internet. Não há como voltar para trás, o caminho da transformação digital é inevitável, está acontecendo e vai ocorrer cada vez mais rápido, causando uma divisão ainda maior entre aqueles que se prepararam e os que não se adequaram.

*Thiago Mascarenhas é head de Dados e Arquitetura da Engineering, companhia e consultoria global de Tecnologia da Informação especializada em Transformação Digital