Enquanto a bola estiver rolando nos 12 estádios que sediarão a Copa do Mundo de 2014, em junho e julho, as empresas do agronegócio prometem reforçar a torcida nas arquibancadas, patrocinando a ida de clientes para acompanhar os jogos. Trazer gente até de fora do Brasil faz parte da estratégia de marketing das empresas para estreitar o relacionamento com os seus públicos. Ricardo Nicodemos, diretor administrativo e financeiro da Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMRA), explica a razão do investimento durante o campeonato mundial. Segundo ele, o futebol é mais apreciado pela população rural do que o senso comum imagina. O esporte costuma suplantar, por exemplo, as festas de rodeio. “O futebol reina como uma das principais atividades de entretenimento e lazer no campo”, diz Nicodemos. “Por isso, as empresas utilizam a Copa como tema de campanhas promocionais.”

Um exemplo é a Jalles Machado, produtora de cana-de- açúcar, açúcar e etanol. A empresa de Goianésia (GO) vai investir cerca de US$ 10 mil para trazer três clientes estrangeiros, presidentes de distribuidoras de seus produtos nos Estados Unidos, Canadá e Holanda, para assistir ao jogo de abertura da Copa, em São Paulo. Segundo o diretor comercial Henrique Penna Siqueira, será uma oportunidade de conhecer esses clientes num ambiente festivo e positivo. “O objetivo é fortalecer o laço comercial, mas de uma maneira mais informal e pessoal”, diz. No ano passado, a empresa trouxe três clientes para a Copa das Confederações, e o próprio Henrique teve uma experiência como convidado em um dos jogos, com viagem patrocinada pelo Banco Itaú. “Esse tipo de iniciativa funciona e dá um retorno muito positivo”, afirma. “Com um relacionamento mais próximo, é possível ganhar a confiança do cliente e facilitar negócios futuros.”

A alemã Basf é outra que vai investir nesse tipo de ação e levar grupos para assistir aos jogos, arcando com todas as despesas. “Será uma experiência única para os nossos clientes”, diz Laura Pires, gerente de comunicação e marketing da unidade de proteção de cultivos da Basf. A empresa também vai realizar até 40 eventos regionais, com telões e infraestrutura para reunir produtores que queiram assistir aos jogos. De acordo com Laura, o investimento é alto, mas valerá a pena. “Faz parte de uma estratégia de fidelização no longo prazo”, afirma. “O sucesso na ação da Copa do Mundo pode desencadear um investimento semelhante durante a Olimpíada.” Segundo ela, a Basf está acostumada a patrocinar viagens de incentivo. Durante a Copa do Mundo de 2006, a empresa levou para a final na Alemanha parceiros que, na sequência, conheceram a sede da companhia, em Ludwigshafen. Durante o Carnaval de 2013, também levou mil agricultores para assistir aos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro.

Para a MSD Saúde Animal, unidade de negócios da americana Merck nesse setor, o investimento em marketing retornou na forma de prêmio. Com a campanha Solution Futebol Clube, na qual foram distribuídos brindes ligados ao esporte, a MSD ganhou a medalha de prata na 17ª Mostra de Comunicação em Marketing Rural e Agronegócio, na categoria Campanha Promocional/ Varejo, em novembro de 2013.