Previsões do governo americano perdem espaço para uma pequena empresa dos EUA que tem o incrível costume de acertar

nas contas

Conhecido como autoridade mundial para a previsão de safras, o Usda, departamento de agricultura dos Estados Unidos, conseguiu um concorrente à altura. A empresa Landworth, de dois criativos empresários, criou um sistema capaz de antecipar as previsões da autoridade oficial. Ao combinar imagens de satélite por meio de softwares, a empresa tem cravado as previsões de área plantada e até a produtividade das lavouras. Com o sucesso das previsões, fundos de investimento e todo tipo de investidor rural têm pago verdadeiras fortunas para ter acesso aos dados. Em alguns casos, há clientes que pagam US$ 250 mil anuais. “Somos a Intel da previsão de safras”, disse Sandroch Verna, presidente da empresa, referindo-se à mais prestigiosa fabricante de processadores para computadores.

A Landworth analisa vastas faixas de fotos de satélites norte-americanos acessados gratuitamente a partir do sistema de satélites da Nasa Landsat, criado originalmente em 1972 para vigiar a agricultura soviética. As fotos são atualizadas diariamente e cada uma cobre uma área de 220 mil hectares. Cada pixel na fotografia representa um quadrado de 270 metros, o que oferece bastante precisão. Para cada quadrado são atribuídos valores de germinação, potencial produtivo e identificadas as chances de a cultura ser soja ou milho. O programa de computador ainda faz a estimativa dos hectares plantados e o rendimento previsto, levando em consideração uma complexa análise de cores.

Com o banco de dados disponibilizados pelo governo, a empresa ainda consegue puxar imagens de anos anteriores e fazer um comparativo de produtividade. Para aumentar as chances de acerto, a Landworth trabalha com uma equipe de oito engenheiros agrônomos que percorrem as principais regiões produtivas – realizando análises nos próprios locais. “Eles determinam questões como nível de germinação, por exemplo”, comenta o presidente.

Sandroch Verna: “Estamos para a previsão de safras assim como a Intel está para a fabricação de processadores de computadores”

A precisão nas comparações pode ser vista nos próprios dados. Em 2008, o governo americano previu uma safra de 11,7 bilhões de bushels, enquanto a Landworth apostou em 12,2 bilhões.

No fim das contas, entre idas e vindas da autoridade nacional daquele país, eis que a melhor previsão ficou com a empresa privada. É interessante notar que praticamente todos os meses o Usda emite suas revisões de expectativa de safra. E raramente crava o resultado. Segundo analistas, o que importa é a tendência, mas em alguns casos há erros de mais de bilhões de toneladas, o que pode influenciar os mercados e causar prejuízos de alguns milhões de dólares.