Na hora de cozinhar, o brasileiro está trocando o óleo de soja pelos produtos à base de milho, girassol ou canola. De olho nessa mudança de comportamento, a Caramuru Alimentos, de Itumbiara, em Goiás, vencedora da categoria Óleos Vegetais do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, iniciou a disputa para conquistar novos consumidores. E conseguiu. Em apenas três anos, sua marca Sinhá assumiu a terceira colocação no ranking de óleos especiais mais vendidos no varejo. Para atingir essa posição, a empresa decidiu por uma estratégia diferente da utilizada pela maioria dos fabricantes, quando lançam produtos diferenciados: optou por entrar, inicialmente, pelas portas do pequeno e médio varejo em vez de apostar em grandes supermercados. “As grandes redes engoliriam as nossas margens”, explica Anderson Miranda, diretor-comercial da linha de produtos Sinhá.

A elevação da renda do brasileiro fez o consumo de óleos à base de soja – considerados nocivos à saúde quando utilizados para fritura – quase estacionar. Em compensação, as vendas de óleos especiais dispararam. Nos últimos cinco anos, a Sinhá registra um incremento de 100% no volume de vendas. De Itumbiara saem mensalmente 100 mil caixas de óleos especiais. Para chegar a esses números, a empresa aliou o bom momento vivido pelo varejo para adicionar valor aos produtos que possuam forte sinergia com a sua área de atuação. “Não queremos ficar apenas nesses números. Nossas vendas já representam 18% do faturamento total de R$ 3,3 bilhões do Grupo em 2013”, afirma Miranda.

A entrada bem-sucedida nesse novo mercado levou a Sinhá a se preparar para ampliar a oferta de pro dutos para as redes de fast-food e para o setor de alimentação fora de casa. “Como os hábitos dos consumidores mudam rapidamente, investimos R$ 12 milhões em novos produtos para atender às expectativas desse comprador”, afirma Miranda. A planta de Sorriso (MT), em processo de conclusão, esmagará 350 mil toneladas de soja para obter lecitina, farelos, óleos e proteína texturizada de soja, para produção de hambúrgueres, carnes e presuntos.

Acostumada a mostrar músculos para competir com gigantes multinacionais no mercado de grãos, a Caramuru é a maior processadora brasileira de soja de capital integralmente nacional. Suas unidades processam 1,3 milhão de toneladas de soja ao ano e seus 76 armazéns, espalhados por quatro Estados, estocam 3 milhões de toneladas de soja por ano. Outro diferencial da Caramuru é o processamento de soja 100% não transgênica, exportada para a Europa. Em associação com produtores de não transgênicos, serão exportados US$ 800 milhões neste ano, 65% de soja em grão e 35% de farelo.

Buscar alternativas para fortalecer sua posição no restrito mercado de grãos faz parte da vida empresarial da Caramuru. A empresa nasceu na cidade paranaense de Maringá, em 1965. Dez anos depois, a família do patriarca Múcio de Souza Rezende deslocou a sede para Itumbiara. Para César Borges de Souza, vice-presidente da empresa e neto do fundador, estar sempre atento para os rumos do mercado é uma das marcas do Grupo. Com obras em Ipameri (GO) e Sorriso (MT), a empresa investiu R$ 220 milhões, nos últimos dois anos, para ampliar em 60% a capacidade de processamento. “Estamos nos preparando para atender à expansão no mercado interno de carne, que demandará um volume maior de ração para a pecuária e também para atender à elevação da demanda por biodiesel”, diz Borges.