O brasileiro já começa a se acostumar com a presença de frutas, verduras e legumes orgânicos nas gôndolas dos supermercados. Mas pouco conhece sobre o açúcar orgânico, produzido sem o uso de defensivos agrícolas. Os consumidores até costumam associar o orgânico ao mascavo, um tipo de açúcar convencional que não passa pelo refinamento. No entanto, se depender da Jalles Machado, o braço produtor de açúcar e etanol do grupo Otávio Lage, de Goiás, os dias de ostracismo do produto orgânico estão contados. Com mais de uma década de experiência no mercado internacional, a aposta agora será no Brasil. Batizado de Itajá, desde março o açúcar orgânico vem sendo apresentado ao mercado, gradativamente, e já conquistou mais de 100 clientes no Brasil. “A estratégia é fincar a marca no País e crescer aos poucos, com sustentabilidade”, diz Henrique Penna de Siqueira, diretor comercial da Jalles Machado. No mundo, o consumo anual de açúcar orgânico é de cerca de 300 mil toneladas. No Brasil, estima-se que seja inferior a 15 mil toneladas. 

A Jalles Machado cultiva 41 mil hectares de cana-de-açúcar e opera duas usinas em Goiás. O produto orgânico é processado desde 2003 na usina de Goianésia, umas das maiores unidades do mundo dedicadas à fabricação desse tipo de açúcar. Em 2013, a produção foi de 45 mil toneladas, das quais 21 mil toneladas foram embarcadas para os Estados Unidos. As demais foram para o Canadá,  Austrália e Europa. “Perto dos americanos e dos europeus, o Brasil é realmente um mercado muito pequeno”, diz Siqueira. “Mas tem um potencial enorme de crescimento.” 

Até agora, a marca Native, de Sertãozinho (SP), vinha reinando absoluta no Brasil. Mas a Jalles Machado pode brigar por uma fatia de consumidores. Ela já fornece o produto para a marca União, do grupo
Cosan. “Há uma forte tendência por alimentos mais saudáveis”, afirma Siqueira. “E o gasto do brasileiro com açúcar não é tão alto, então o orgânico compensa.” Para ele, o preço de cerca de R$ 3 o quilo, o
dobro do açúcar convencional, não será um empecilho ao crescimento. Siqueira calcula a despesa per capita anual com açúcar, para uso doméstico, em torno de R$ 9. “Mesmo que o consumidor gaste o dobro disso, ainda será um valor que não pesa tanto no bolso.”