Stephanes: retaliações ao trigo norteamericano não afetam o consumidor brasileiro

Nem bem acabou de ser anunciada, a lista de produtos que farão parte da retaliação aos Estados Unidos já saiu causando impacto no mercado. A indústria da panificação tratou de anunciar um aumento de 16% para o pãozinho um dia após a sobretaxa de 30% sobre o trigo americano, provocando a indignação do ministro Reinhold Stephanes.

No meio do fogo cruzado, os panificadores voltaram atrás e negaram qualquer alta, alegando o item mais óbvio desta novela: os Estados Unidos não foram nem nunca serão os principais fornecedores de trigo para o Brasil. “Este aumento nas taxas de importação não ameaça, de forma nenhuma, nem a indústria de panificação nem o consumidor.

Não cogitamos aumento no preço do pãozinho, visto que o percentual de trigo que o Brasil importa dos americanos é muito baixo e pode ser substituído por outros mercados”, afirmou Antero José Pereira, presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan).

Ele cita como possíveis substitutos o Canadá e o Uruguai, que já vendem o produto para o Brasil, ou novos fornecedores como a Rússia. O ministro Stephanes já havia anunciado que, com a sobretaxa, outros mercados se abririam para o Brasil. “Nós temos outros fornecedores entre os países do Mercosul e podemos contar com o trigo do Canadá e da Rússia. Para a safra 2010, só não poderemos apostar no Paraguai porque o país foi prejudicado pelas chuvas.”

O ministro ainda destacou que o preço do trigo vem tendo uma trajetória descendente desde 2007, quando o preço do pão foi taxado. “Em 2007 a tonelada era comercializada a R$ 750 e hoje está entre R$ 400 e R$ 450”. Essa, aliás, é uma reclamação dos produtores de trigo que ano após ano, protestam contra os preços pagos pela mesma indústria que agora se queixa da sobretaxa.