Juan Carlos Bueno: nova molécula que reduz volume de aplicações de agroquímicos nas lavouras é a aposta principal da empresa

No fim do ano passado, a multinacional americana Dupont reuniu seus diretores, revendedores, técnicos e clientes em um luxuoso hotel em São Paulo, onde promoveu um suntuoso evento, com direito a shows musicais e um requintado jantar. A razão de toda a festa era o lançamento de uma nova linha de produtos que traziam em seu DNA a nova estratégia da empresa para ganhar espaço no concorrido mercado brasileiro: investir em tecnologias com apelo ambientalmente correto. Com a missão de impulsionar as vendas da empresa no Brasil, os produtos logo chegaram ao mercado. Passados pouco mais de sete meses do badalado lançamento, já é possível dizer que toda aquela festa não foi em vão. Mesmo sem revelar os números ou valores relacionados ao mercado brasileiro, a companhia, que possui faturamento global de US$ 7 bilhões, já vê a nova tecnologia despontar como carro-chefe de seu portfólio no País. “A aceitação superou nossas expectativas e hoje quase não damos conta de atender à demanda”, comemora o vicepresidente de produtos agrícolas da DuPont, Juan Carlos Bueno.

 

 

A tecnologia que embala o plano “verde” da empresa é uma nova molécula que possibilita o uso mais concentrado do produto. Com isso, no lugar de dispersar quilos do produto para proteger a lavoura, o produtor consegue utilizar apenas alguns gramas. Fruto de pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que somam US$ 700 milhões por ano, a nova molécula está presente na linha de inseticidas da companhia, segmento que movimenta vendas estimadas em US$ 2 bilhões por ano no mercado brasileiro e que cresce a taxas de 30% ao ano, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). Mas a ideia é que a tecnologia logo seja incorporada a outros segmentos como o dos herbicidas. “É apenas a primeira fase de desenvolvimento. É uma família que com certeza irá crescer”, complementa Bueno. Ele explica que o foco é ganhar mercado nas principais culturas do País. “Consideramos essa tecnologia fundamental para crescermos em alguns mercados. Nosso objetivo é ter um foco maior em culturas como soja, milho e cana. E para isso temos um produto eficiente e que não agride o meio ambiente.”

 

US$ 700 milhões é o volume de investimentos que a empresa aplica em pesquisas

É com esse discurso ambiental que a empresa pretende ganhar espaço em um terreno disputado por verdadeiras gigantes, como Monsanto, Bayer e Syngenta. Tudo para aproveitar o ano que promete ser de recuperação para o setor que viu suas vendas estagnarem em 2009. No ano passado, o mercado de agroquímicos movimentou cerca de R$ 12,878 bilhões, nem 1% de crescimento em relação ao período anterior. Já para 2010 as previsões são mais otimistas. As boas perspectivas de negócios para as culturas de soja, cana-de-açúcar, algodão e café levaram o Sindag a estimar um crescimento entre 5% e 10% . “Soja é sempre a maior cultura em volume e valor, enquanto o preço do açúcar no mercado internacional e as boas previsões para algodão e café, também no Exterior, ancoram um indicador favorável”, explica o gerente de informação do Sindag, Ivan Amâncio Sampaio. Um crescimento que está no radar da Dupont. “Nossa meta é crescer acima do mercado e essa nova tecnologia terá um papel muito importante”, explica Bueno, que garante que a empresa tem outras cartas na manga. “Estamos desenvolvendo uma grande gama de produtos, diversificando nosso portfólio e nos aproximando do produtor”, finaliza.