Eles são fortes, atléticos e donos de uma carne com baixo teor de gordura, completamente alinhada às tendências alimentares do momento. Esses são os suínos light, nova aposta da Aurora Alimentos, empresa que faturou, no ano passado, R$ 2,2 bilhões com uma diversificada linha de produtos, com mais de 600 itens. Com um abate de 14 mil suínos/dia, a empresa pretende incrementar essa nova opção alimentar, fruto de uma pesquisa de 12 anos em parceria com a Embrapa Suínos. Para chegar ao porquinho cintura-fina, foram utilizados cruzamentos de diversas raças. A idéia, segundo o diretor agropecuário da Aurora Alimentos, Marco Antonio Zordan, é oferecer aos consumidores um produto com menor taxa de gordura, sem, contudo, perder o sabor tão apreciado da carne. “A percentagem de carne magra atinge quase 64% na carcaça, concentrada em partes nobres como pernil e lombo”, afirma. Em um animal comum, esse percentual varia entre 57% e 59%. Outra característica que confere a silhueta diferenciada do suíno é a espessura de toucinho, que mede em média 9,8 mm no lombo. Em outros animais essa região pode chegar a medir 2 centímetros. “É uma grande diferença na qualidade da carne produzida”, comenta o diretor.

Embora o suíno light possa se tornar um importante aliado nas dietas, a expectativa é de que sua carne ajude a engordar os bolsos dos produtores. Uma estimativa da Embrapa Suínos aponta ganhos de até 11,3 milhões na suinocultura brasileira, com a adoção desse tipo de animal. “Esses porcos consomem menos ração para atingir o peso ideal de abate (115 kg) e são mais baratos do que outras linhagens. Além disso, as agroindústrias também oferecem bônus pela carcaça, uma vez que os animais possuem uma maior quantidade de carne magra”, explica o chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, Elsio Figueiredo, responsável pelo desenvolvimento do novo suíno. Ele afirma que o novo porquinho vai produzir mais carne e melhorar a rentabilidade da suinocultura brasileira.

“Fizemos testes comparativos rigorosos com as melhores linhagens disponíveis hoje no mercado e o novo reprodutor apresentou resultados ótimos, como o ganho diário de peso de 709 gramas. Estamos seguros em relação à qualidade e à competitividade da linhagem que estamos ofertando ao mercado”, diz.

 

“Além de produzir uma carne gostosa, esses animais engordam mais rápido do que outras raças, comendo menos ração. Um bom negócio”

MARCO ANTONIO ZORDAN, diretor agropecuário da Aurora

Produtor de suínos no município de Coronel Freitas, Santa Catarina, Ivanor Palharini é um dos que apostam na rentabilidade dessa linhagem. “Acredito que esse suíno deva trazer ótimos resultados”, anima-se o produtor, que possui cerca de 150 matrizes, sendo 30% da linhagem MS-115. “É um animal barato e que tem uma ótima engorda, o que possibilita ganhos maiores”, conclui Palharini. Outro produtor que acredita na eficiência desse tipo de animal é Lídio Nespoli. Ele comercializa embriões de suínos, no município de Anita Garibaldi (SC), e recentemente adquiriu 50 reprodutores dessa linhagem. “Pelo que podemos observar, é um animal que oferece uma boa margem de ganho para o suinocultor, com qualidade similar a outros materiais genéticos disponíveis no País”, afirma.

Zordan, da Aurora Alimentos, aponta que a grande vantagem desse animal está no baixo custo. “Desenvolvemos um animal rústico, de fácil manejo e que custa cerca de 15% menos do que outras linhagens, sem perder em nada no que diz respeito à genética”. De acordo com o diretor, 20% dos 14 mil animais abatidos ao dia já são dessa nova linhagem e, segundo a empresa, a tendência desse número é só aumentar. “Temos planos de ter uma linha especifica feita só com carne desse tipo de animal, com grande apelo à saúde do consumidor e conseqüentemente com grande valor agregado”. Ao que parece, a onda dos corpos esbeltos, chegou para ficar na suinocultura.