SALA NO CAMPO: o empresário Henning Baer e sua esposa, Célia, donos da “fazenda escola” no Paraná

Em tempos de competitividade acirrada, onde poucas toneladas podem significar a diferença entre o lucro e o prejuízo, uma mão-de-obra especializada é de extrema importância. Pelo menos é assim que pensa Henning Baer, dono da agropecuária Ipê, em Campo Mourão, principal área produtora de grãos do Paraná. Cansado de perder tempo atrás de bons empregados, o empresário teve uma idéia melhor: formar seus próprios funcionários. Pouco tempo depois, Baer, então dono de um colégio na cidade, decidiu fundar a Faculdade Integrado, instituição focada principalmente em cursos como agronomia, veterinária e administração.

A idéia logo se transformou em um sucesso absoluto. Desde 2003, quando formou sua primeira turma, a Integrado vem abastecendo a região de Campo Mourão com profissionais prontos para o mercado. “É uma faculdade diferente. Queremos formar jovens que saiam habilitados para trabalhar conosco. Não sei exatamente quantos ex-alunos trabalham em nossas terras, mas com certeza são muitos. Fora os que estão trabalhando com os nossos fornecedores”, afirma Baer, produtor de sete mil hectares de soja com faturamento na casa dos R$ 20 milhões.

PESQUISA: alunos fazem a adaptação da quinoa, espécie de “gergelim” dos Andes

Os resultados provam o bom trabalho dos profissionais e estudantes envolvidos nos projetos. As propriedades assistidas conseguem atingir uma média de 66 sacas de soja por hectare, ante 49,5 da região. Traduzindo em dinheiro, com a saca cotada a R$ 48,00, isso gera um ganho médio de quase R$ 800 por hectare. Só no incremento, são R$ 5,6 milhões a mais. “A região de Campo Mourão é muito propícia ao plantio de grãos, mas para conseguir uma produtividade maior, precisamos usar a tecnologia. Muito do que é descoberto na faculdade é utilizado nas nossas fazendas, mas o contrário também acontece”, diz o empresário, lembrando que o desempenho da parceria na pecuária é ainda mais significativo. O responsável, segundo Baer, é Paulo Emílio Prohmann, seu braço direto na fazenda e hoje professor da Integrado.

Graças às técnicas ensinadas por Prohmann, os cerca de 11 mil animais confinados pela Ipê ganham até 1,2 quilo por dia, o que possibilita o abate antes dos 18 meses. “Nossa média de produção chega a 200 quilos de carne por hectare/ano, quase o dobro do Paraná, que não chega a 120 quilos”, explica o professor, especializado em planejamento nutricional animal.

GENÉTICA: estudantes testam produtos dentro do laboratório da faculdade

Mesmo com os negócios caminhando de vento em popa, Henning Baer não pára. Sua nova aposta atende pelo nome de quinoa, um cereal típico dos Andes, muito rico em proteínas, que pode substituir o trigo na produção de pães. Técnicos e alunos da Integrado trabalham há três anos na adequação das mudas às condições brasileiras. Atualmente a faculdade detém a maior plantação de quinoa do Brasil: quatro hectares.

“Não sou só eu que vou investir na quinoa. Depois que ela estiver totalmente adaptada, qualquer pessoa interessada também poderá comprar nossas sementes”, completa Baer, que também trabalha com a venda de sementes.