O dia 3 de dezembro foi especial para os irmãos goianos César e Marcos Helou, donos do Laticínios Bela Vista, detentor da marca Piracanjuba, com sede em Bela Vista de Goiás, município a 45 quilômetros de Goiânia. Juntos, os irmãos cortaram a faixa estendida na porta de mais uma fábrica da empresa, desta vez em Governador Valadares, uma das mais importantes bacias leiteiras de Minas Gerais. A unidade, que vai processar 300 mil litros de leite por dia, marcou a etapa final do investimento de R$ 100 milhões iniciado no ano passado. Nessa conta, está incluída, ainda, a modernização de um laticínio no Sul do País, no município de Maravilha, em Santa Catarina, e a reforma da linha de produção na sede. “De agora para a frente vamos consolidar tudo o que foi investido”, diz César. Com o montante gasto, o Bela Vista saiu de um processamento diário de 3,9 milhões litros de leite para 4,4 milhões de litros. “Mas vamos chegar rapidamente a 4,8 milhões de litros.” Quando esse volume diário for alcançado, a empresa goiana estará processando 1,2 bilhão de litros de leite por ano, ao lado de gigantes como a DPA, joint venture entre a Nestlé e Fonterra, a BRF e a Itambé. 

Formados em engenharia civil, os irmãos Helou estão de olho num mercado que tem crescido aceleradamente na última década, o de produtos lácteos. Nesse período, o consumo de leite no País passou de 98 litros por habitante ao ano para os atuais 173 litros, de acordo com o Ministério da Agricultura. Assim, a produção total em 2014, segundo o IBGE, está prevista em 36,7 bilhões de litros de leite, 5% acima do registrado no ano passado. O volume mantém o Brasil como o quarto maior produtor mundial de leite, atrás de Índia, Estados Unidos e China. 

Foi essa demanda crescente que alavancou os números do Bela Vista nos últimos anos. Em 2013 a empresa faturou R$ 1,6 bilhão, 59% acima da receita de 2012. Para este ano, a previsão é chegar à marca de R$ 2 bilhões. “O período foi excepcional para o nosso negócio”, diz César. Em 2013, por exemplo, o portfólio da empresa deixou de ter apenas produtos básicos, como leite fluido e em pó, leite condensado, creme de leite, manteiga e requeijão. Entraram na linha de pro dução leites elaborados com linhaça, amaranto, chia e quinoa, além dos especiais sem lactose. “Os produtos com valor agregado tiveram grande aceitação pelos consumidores”, afirma César. A empresa campeã pela segunda vez do setor Laticínios do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014, além de destaque em Melhor Gestão Financeira entre as Grandes Empresas, é a quarta maior processadora de leite do País, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Leite (Leite Brasil). Atualmente, 4,8 mil pecuaristas entregam sua produção ao Bela Vista. Para receber essa demanda e melhorar a produtividade, a fábrica de Piracanjuba, a maior unidade de processamento, teve toda a estrutura modernizada. O investimento de R$ 50 milhões na unidade fez o processamento de leite saltar de 3,1 milhões de litros por dia para 3,5 milhões de litros. Já a unidade de Santa Catarina, em funcionamento desde 2010, recebeu investimentos de R$ 40 milhões para levar a capacidade da fábrica a um milhão de litros de leite, por dia. Agora, o principal desafio dos irmãos Helou é ganhar mercado. Para eles, a empresa tem condições de atender clientes em qualquer ponto do País. Mas, segundo Marcos, eles optaram por  investir mais pesadamente nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. “É nesses mercados que podemos entrar com mais competitividade e brigar por mais consumidores”, diz Marcos.