A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou neste sábado que o crescente surto de varíola dos macacos em mais de 50 países deve ser monitorado de perto, mas não justifica ser declarado uma emergência de saúde global “neste estágio”. Em um comunicado assinado pelo comitê de emergência da OMS, a organização afirma que três mil casos da varíola já foram registrados desde maio e apontou para a “natureza emergencial” do surto e para o fato de que controlar sua propagação requer uma resposta “intensa”.

Declarar uma emergência de saúde global significa que uma crise de saúde é um evento “extraordinário”, que exige uma resposta globalmente gerenciada e de que o vírus corre alto risco de se espalhar além das fronteiras. A OMS já havia feito declarações semelhantes para doenças como covid-19, Ebola no Congo e na África Ocidental, Zika no Brasil e para o esforço contínuo para acabar com a pólio.

A nota reforça que casos de varíola dos macacos têm ocorrido em países africanos há décadas e foram “negligenciados em termos de pesquisa, atenção e financiamento”. Segundo a OMS isso deve mudar, não apenas para o combate dessa doença recente, mas de outras que permanecem circulando por países de baixa renda.

“A resposta requer uma ação coordenada urgente para impedir a propagação da varíola dos macacos usando medidas de saúde pública e garantindo que as ferramentas de saúde estejam disponíveis para populações em risco e sejam compartilhadas de forma justa”, comentou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao divulgar a nota da organização no Twitter.

Segundo o comitê, o surto deve ser constantemente observado, especialmente por sua disseminação rápida e contínua. O risco de transmissão é ainda mais elevado em populações vulneráveis, incluindo pessoas imunossuprimidas, mulheres grávidas e crianças.

A OMS está criando um mecanismo de compartilhamento de vacinas para a varíola, para levá-las a países como a Grã-Bretanha, que atualmente tem o maior surto além da África. Alguns especialistas alertaram que isso poderia consolidar as profundas desigualdades observadas entre países ricos e pobres durante a pandemia de coronavírus.