A integração lavoura-pecuária-floresta não é apenas um conceito abstrato. Para por a mão na massa e mudar a propriedade rural, o produtor precisa de recursos financeiros. As principais fontes de crédito aos produtores têm sido o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e instituições credenciadas no Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), através do qual é possível aprovar projetos de integração. Até o mês passado, haviam 99 instituições participantes, entre elas os grandalhões do varejo, como o Banco do Brasil, o Bradesco, a Caixa, e o Itaú BBA, e bancos que atuam de forma setorizada, como o Rabobank, John Deere BM, JP Morgan, Pine BM e Randon BM. Para o secretário de desenvolvimento agropecuário e cooperativismo do Mistério da Agricultura, Caio Rocha, o produtor tem se conscientizado da importância dos sistemas de integração. “Hoje, esses sistemas estão na base da elevação da renda do produtor”, diz Rocha. “São eles que podem recuperar o patrimônio, com poucos recursos em relação os benefícios gerados.”

Nesta safra, por exemplo, as linhas de crédito disponíveis pelo BNDES contaram com um volume de recursos de R$ 4,5 bilhões, acessados a partir de nove categorias, entre elas, a ABC Integração. Essa linha ofereceu, na safra 2014/2015, um crédito de até R$ 2 milhões para cada projeto, com juros máximos de 5% ao ano, a depender do tamanho da propriedade rural, e prazo de 15 anos para a quitação do investimento. De acordo com Carlos Viana, gerente de Gestão de crédito Rural do BNDES, para a safra 2015/2016, os juros devem ser maiores, como tem sinalizado o governo federal. “Mas eles, com certeza, devem permanecer competitivos”, afirma Viana. “Além disso, o orçamento não deve ser achatado.” Garantir esses recursos faz parte de um compromisso internacional do Brasil para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), entre 36% e 39%, até 2020. Esse compromisso foi assumido, em 2009, em Copenhague, na Dinamarca, quando o governo assinou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Nesse contexto, o Plano ABC nasceu em 2010, com o compromisso de aplicar recursos da ordem de R$ 197 bilhões, entre 2011 e 2020, dos quais R$ 157 bilhões através de linhas de crédito ao produtor. “Por isso, a tendência é que a integração continue se expandindo”, diz Rocha.


“Para a safra 2015/2016, os juros devem ser maiores, Mas, com certeza, devem permanecer competitivos. Além disso, o orçamento não deve ser achatado” Viana, gerente de gestão de crédito rural do BNDES