Diretor assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa afirmou nesta quarta-feira, 16, durante entrevista coletiva, que a prioridade agora nas Américas deve ser aplicar as doses iniciais e o reforço da terceira dose de vacina nos que ainda não os receberam, e não dar uma quarta dose do imunizante. Ele argumentou que a decisão sobre a necessidade ou não de uma quarta dose, e seu público-alvo, deve ser tomada adiante, com mais dados à disposição.

Barbosa disse que há milhões de pessoas nas Américas que já poderiam ter recebido a terceira dose, mas não o fizeram. A prioridade agora, segundo ele, é identificar essas pessoas, descobrir por qual motivo não tomaram o imunizante e fazer com que elas se vacinem. Enquanto isso, defendeu que “sejam revisadas de maneira tranquila as evidências científicas” para justificar ou não uma quarta dose, bem como “para quem, quando, em que extensão”.

Durante a coletiva, houve questão também sobre a presença da subvariante BA.2 da Ômicron na região. Gerente de Incidentes para a covid-19 da Opas, Sylvain Aldighieri disse que há registro oficial da presença dela no México, na Argentina e no Brasil. Segundo ele, porém, não há até agora evidência sólida que demonstre capacidade de transmissão da BA.2 significativamente maior que a BA.1, nem de uma piora na resposta imune. A BA.2 pode avançar mais pela região, mas não necessariamente isso é uma preocupação adicional, comentou.

Em outro momento, Barbosa tratou da decisão do tenista sérvio Novak Djokovic de não se vacinar contra a covid-19, o que fez o atleta ser deportado da Austrália e não poder disputar um torneio no país. “É uma lástima”, comentou o diretor assistente da Opas, lembrando que há mais de 10 bilhões de doses da vacinas já aplicadas no mundo e que há um monitoramento próximo de eventuais reações a elas. “Não há mais dúvida de que as vacinas são seguras e, além disso, de que estão salvando milhões de vidas”, afirmou, comparando a onda atual da Ômicron com as provocadas pelas variantes Gama e Delta. “É uma lástima que uma pessoa com todo o acesso que ele tem tome uma decisão como essa”, afirmou, lembrando também o papel coletivo da imunização para proteger os demais. Segundo Barbosa, se continuarmos com um número muito grande de vacinados, há mais risco de novos surtos da doença.