O PIB da agricultura cresceu 45% na última década. Saiu de R$ 597,4 bilhões, para R$ 866,6 bilhões. Por trás desse desempenho, estão os empresários do campo

Luiz Pretti

O cenário de desaceleração econômica pelo qual o Brasil passa não foi capaz de abalar os planos do engenheiro metalúrgico Luiz Pretti, 57 anos, presidente da americana Cargill no País. Uma das maiores empresas de alimentos do mundo, que completou 51 anos no Brasil, ela  faturou R$ 32,1 bilhões em 2015. Pretti quer expandir os negócios nacionalmente e, por isso, a companhia deve fechar 2016 com
R$ 600 milhões em investimentos. O foco é a infraestrutura portuária. Para a Cargill, o País passa a ser cada vez mais estratégico para crescer globalmente.

Eraí Maggi Scheffer
Muito longe da crise, o produtor Eraí Maggi Scheffer, 57 anos, continua como a maior referência de empreendedorismo do agronegócio. O dono do grupo Bom Futuro, com sede em Cuiabá (MT), é o maior produtor individual do País de soja e de milho. São cerca de 500 milhões de hectares de cultivo, em 110 fazendas espalhadas pelo Estado de Mato Grosso. Na safra passada, por exemplo, Scheffer foi um dos produtores que conseguiram surfar na onda da alta do dólar e melhorar o desempenho de seu negócio.

Aloysio de Andrade Faria
Controlada pelo grupo Alfa, do banqueiro Aloysio de Andrade Faria, 95 anos, a Agropalma inaugurou neste ano a sua primeira refinaria de óleo de palma em Limeira (SP). Trata-se de um negócio que deverá movimentar, no próximo ano, cerca de R$ 1,14 bilhão. Com 107 mil hectares de terras no Pará, cinco indústrias de extração de óleo bruto e um terminal de exportação, a empresa se consolida como referência de integração da cadeia produtiva sustentável, gerando cerca de cinco mil empregos diretos e a manutenção de agrovilas aos funcionários.

Raul Padilla
Como parte de um plano estratégico de fortalecer o escoamento da safra no País, a americana Bunge anunciou este ano a venda de 50% de dois de seus ativos de logística no Pará para a brasileira Amaggi. A americana busca unir forças para crescer a importância da saída de grãos pelos portos do Norte do País, repetindo o sucesso da joint venture Unitapajós, fechada em 2014 com a Amaggi. O argentino Raul Padilla, 60 anos, CEO da Bunge no Brasil, é um dos maiores responsáveis por essa empreitada. Com a união, as empresas poderão escoar 43,5 milhões de toneladas anualmente.

Eduardo Logemann
O engenheiro mecânico gaúcho Eduardo Logemann, 65 anos, presidente do conselho administrativo da SLC Agrícola ajudou a construir uma das maiores empresas do agronegócio, dona de uma receita de R$ 1,76 bilhão no ano passado. O futuro é de mais crescimento para a empresa, que tem investido e somado esfoços para conquistar certificações de sustentabilidade em suas atividades. De 370 mil hectares cultivados, a SLC quer chegar a 700 mil futuramente.Eduardo Logemann

O engenheiro mecânico gaúcho Eduardo Logemann, 65 anos, presidente do conselho administrativo da SLC Agrícola ajudou a construir uma das maiores empresas do agronegócio, dona de uma receita de R$ 1,76 bilhão no ano passado. O futuro é de mais crescimento para a empresa, que tem investido e somado esfoços para conquistar certificações de sustentabilidade em suas atividades. De 370 mil hectares cultivados, a SLC quer chegar a 700 mil futuramente.

José Luís Cutrale
Mais conhecido como o “Rei da Laranja”, o empresário paulista José Luis Cutrale, 70 anos, presidente da Cutrale, uma das maiores indústrias de suco de laranja do País, é quem encabeça um dos projetos para melhorar o consumo da bebida, internacionalmente. Com um investimento de US$ 7 milhões, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), da qual Cutrale participa, e a Associação Europeia de Sucos (AIJN, na sigla em francês) preparam uma campanha de marketing e a revisão de cerca de 400 de estudos que mostram os benefícios do suco. A ideia é rebater as pesquisas que apresentam a bebida como uma vilã para a saúde, quando, pelo contrário, ela tem muito a contribuir.

Marino José Franz
O produtor catarinense Marino José Franz, 53 anos, fez história em terras mato-grossenses. Ele é o fundador da Fornecedor de Insumos Agrícolas (Fiagril), com sede em Lucas do Rio Verde, que origina grãos, cultiva sementes, produz biodiesel a partir da soja e, no ano que vem, passará a processar etanol de milho. A empresa, que deve faturar cerca de R$ 3 bilhões este ano, foi uma importante financiadora do agronegócio na região, por ser a primeira a trocar insumos por sementes (barter) com pequenos e médios produtores.

Herbert Arnold Bartz
O produtor Herbert Arnold Bartz, 80 anos, da cháraca Durânia, em Rolândia (PR), foi o primeiro no País a semear sobre os restos culturais de uma plantação recém-colhida. Isso aconteceu em 1972. A técnica conhecida como plantio direto é a principal bandeira para a conservação do solo e ganho de produtividade. O conceito era tão novo naquela época que o produtor tinha de fazer adaptações nas máquinas para por a semente no solo. Por seu pioneirismo e visão futurista, o produtor é uma das personalidades mais homenageadas do agronegócio e sempre marca presença em palestras no Brasil e no mundo.

Raul Anselmo Randon
Logo depois de sua posse em maio deste ano, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, fez questão de visitar a gigante Rasip Alimentos, em Vacaria (RS), de Raul Anselmo Randon, 87 anos. A empresa é maior produtora e exportadora de maçãs do País. Além disso, produz oliveira, vinho, milho, soja e derivados lácteos, como o famoso queijo italiano tipo grana pradano. Neste ano, Randon investiu
R$ 1,5 milhão para fazer o tipo parmesão gourmet, que começa a ser produzido e distribuîdo em 2017.

Ricardo Tavares
Dono do grupo mineiro Montesanto Tavares, o produtor e executivo Ricardo Tavares, 54 anos, é um dos grandes líderes na produção e exportação de café do País. São cinco fazendas e 3,2 mil hectares de cultivo. Ano passado, das 2,75 milhões de sacas produzidas, Tavares vendeu 1,5 milhão no mercado externo, a países europeus, além de Japão e dos Estados Unidos. Neste ano, a meta é vender 3,2 milhões de sacas.  Tavares tem se tornado referência no setor pelo fomento do mercado de cafés especiais.

Waldemir ival Loto
O executivo é o comandante de uma das maiores agroindústrias nacionais, a Amaggi, que pertence à família do ministro da Agricultura Blairo Maggi. Em 2015, a receita foi R$ 12,7 bilhões. Além de ser protagonista na abertura do escoamento de grãos pelo Norte do País, a Amaggi encabeça a lista de empresas para estruturar de vez a Ferrogrão, ferrovia paralela à BR-163, com 933 quilômetros de extensão, capaz de escoar 36 milhões de toneladas.

“Quando se fala em futuro, pensamos logo em inovação. Inovar não é apenas fazer diferente. É fazer melhor, otimizando recursos financeiros e naturais, gerando benefícios para as pessoas, para os negócios e para o meio ambiente. O agronegócio, assim como o setor florestal brasileiro, tem uma oportunidade única para consolidar sua posição de vanguarda no âmbito mundial. A tecnologia florestal atual e a potencial, a digitalização da floresta (floresta 4.0), trarão uma nova perspectiva para o setor. Produziremos mais com menos de forma sustentável, socialmente inclusiva, com respeito às comunidades vizinhas e demandaremos um capital humano diferente. Vislumbro um futuro no qual conectaremos o rural, o Agro e a Floresta aos jovens que, na busca de qualidade de vida, poderão viver no novo campo. Um campo tecnológico, inovador, motivador e super conectado ao estilo de vida das cidades, com clusters urbanos sustentáveis. A urbanização terá uma alternativa no futuro, ou seja, vamos levar as cidades do futuro para as florestas. A floresta como fonte de vida, geração e compartilhamento de riqueza.” Marcelo Castelli,presidente da Fibria