A voz do campo está representada pelas suas entidades, protagonistas das demandas dos produtores e da agroindústria. Elas são o caminho mais curto para defender os interesses do setor

Maria Silvia Bastos Marques
Em maio, a economista Maria Silvia Bastos Marques, 59 anos, tomou posse de uma das instituições mais importantes para o agronegócio: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As políticas de governo para o crédito ao setor, destinado à máquinas e equipamentos, infraestrutura, inovação tecnológica, expansão da produção e armazenagem. passam por lá No mercado, Marques tem sua reputação construída como sendo uma boa gestora. Já passou pela CSN, empresa de seguros Icatu e por vários cargos públicos.

Gilberto Magalhães Occhi
Nos últimos quatro anos, a Caixa Econômica Federal tem se aproximado do setor do agronegócio. A ideia é elevar a carteira agrícola do banco estatal para R$ 10 bilhões, ofertando facilidades de crédito rural. Atualmente, a carteira é de R$ 7,8 bilhões. Desde junho, o Caixa tem como presidente Gilberto Magalhães Occhi, advogado que fez carreira na instituição. O executivo, que passou pela vice-presidência nos anos 2013 e 2014, vai comandar as medidas do Plano Agro Mais.

Paulo Rogério Caffarelli
O Banco do Brasil é o maior financiador do agronegócio.  Nos últimos dez anos, a carteira do setor saltou de R$ 45,1 bilhões para R$ 174,9 bilhões em dezembro do ano passado. Não à toa, todo executivo que ocupa o posto de presidente leva junto com o cargo uma grande responsabilidade na execução das políticas de crédito para o campo. Nos últimos meses, o banco está nas mãos de Paulo Rogério Caffarelli, 50 anos, funcionário de carreira da instituição. Ele começou como menor aprendiz, se formou em direito e se especializou em comércio exterior.

Francisco Turra
O advogado gaúcho Francisco Turra, 74 anos, é o grande personagem por trás do franco desenvolvimento do mercado de aves e suínos no País. Há cerca de 2,5 anos comandando a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne cerca de 130 associados e representa cerca de 6% do PIB do agronegócio, Turra é uma figura constante pelo mundo afora. E não é para menos. Através dos projetos internacionais da entidade como Brazilian Chicken, Brazilian Egg e Brazilian Pork, o dirigente tem ajudado a fomentar as exportações do setor e a abertura de novos mercados.

Elizabeth Farina
Em quatro anos na presidência da União Nacional das Indústrias de Cana-de-açúcar (Unica), a economista Elizabeth Farina tem feito de tudo para pôr de volta nos trilhos um setor cambaleava desde 2008 após sucessivas crises. Ao que tudo indica, os esforços de Farina em fazer com que o governo passe a se apoiar no setor como uma promissora integrante da matriz energética do País tem surtido efeito. Cada vez mais cresce não só a importância da produção de açúcar e etanol, mas de energia elétrica a partir da queima do bagaço da cana. No ano passado, foram produzidos 20,2 mil gigawatts por hora.

Alysson Paolinelli
Aos 80 anos de idade, o agrônomo Alysson Paolinelli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), conquista seu lugar reservado como um dos personagens de maior representatividade no agronegócio. Ele já ocupou desde a secretaria de agricultura de Minas Gerais até a mesma pasta no governo federal. Em 2006, foi agraciado com o World Food Prize, prêmio que equivale ao Nobel na área da Alimentação. Com tamanha representatividade, Paolinelli busca o desenvolvimento de um setor, que vem ganhando cada vez mais importância na pauta de exportações do País.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho
Comprometida há 25 anos com as discussões sobre o desenvolvimento sustável do campo, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) reúne 74 associados, entre entidades, empresas e cooperativas. É uma das mais atuantes do País. Parte dessa representatividade tem como ator principal o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, 65 anos, presidente da Abag há cinco anos. Em seu principal evento do ano, o Congresso do Brasileiro do Agronegócio, Carvalho reúne os grandes nomes do setor para desatar os nós da produção agrícola.

Antônio Jorge Camardelli
Um dos principais protagonistas da abertura do mercado americano para a carne bovina in natura brasileira é o veterinário gaúcho Antônio Jorge Camar-delli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exporta-doras de Carnes (Abiec). Dos 37 anos da Abiec, Camardelli tem liderado por 14 a entidade. Sua influência é tamanha que ele chega a participar ativamente das negociações com suas 29 associadas. A indústria da carne bovina é uma das mais importantes do País e chegou a movimentar em toda a sua cadeia cerca de R$ 483,5 bilhões no ano passado.

Carlo Lovatelli
Não há ninguém mais comprometido com a preservação ambiental na Amazônia que o executivo Carlo Lovatelli, 71 anos, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Este ano, Lovatelli faz questão de comemorar os dez anos da moratória da soja nesse bioma. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na região caiu de 1,9 milhão de hectares para 583 mil hectares. A Abiove estimula os associados a não comprar soja de área desmatada.

Rui Carlos Ottoni Prado
Há seis anos o produtor rural e veterinário Rui Carlos Ottoni Prado, 53 anos, preside a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), que representa 89 sindicatos rurais do maior Estado na produção agrícola no País. Por sua influência e atuação, a entidade é a que mais consegue se projetar nacionalmente. Parte desse trabalho é reflexo do Instituo Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que está sob o guarda-chuva da Famato. O Imea é hoje uma das principais referências de dados econômicos da atividade agrícola do Estado.

Carlos Rivaci Sperotto
Com 19 anos na presidência da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), o veterinário gaúcho Carlos Rivaci Sperotto, 78 anos, é a personalidade que mais comandou a entidade em todos os 89 anos de sua existência. E, por essa razão, Sperotto é a liderança mais influente do setor no Sul do País. Desde 2015, no comando do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae-RS, Sperotto trabalha especialmente para fortalecer o pequeno produtor, garantindo a ele inclusive o acesso a novos mercados, com o Programa Juntos para Competir, que beneficia mais de três mil produtores rurais gaúchos.

“Entre os desafios do agronegócio brasileiro, três têm maior destaque. O primeiro é o “upgrade” na gestão e na governança das propriedades rurais, para que possamos extrair ainda mais produtividade da revolução técnica e tecnológica, em comparação com as últimas décadas. As mudanças maiores foram na incorporação de tecnologia, de novas práticas agrícolas e na utilização de insumos. Agora, precisamos de um choque de gestão. Outro desafio importante é modernizarmos a atual estrutura de financiamento do agronegócio. É necessário ampliar a oferta de crédito privado e de longo prazo, através de instrumentos de mercados de capitais, o que pode reduzir o custo de capital e a dependência de financiamento estatal. Por fim, a expansão e a consolidação da presença brasileira no comércio internacional, por meio da negociação de acordos bilaterais e da estruturação de contratos de longo prazo, me parecem o maior desafio e a chave para o sucesso de nosso futuro como País e potência agrícola.” Gustavo Diniz Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira