QUATRO MILHÕES DE TONELADAS: Alemães querem recuperar mercado perdido após veto à UE

Demorou, mas eles chegaram. A gigante alemã Südzucker, maior produtora de açúcar do mundo, finalmente desembarcou no Brasil, e com planos ousados. Sem fazer muito alarde a empresa já opera no País desde março através de uma trading. O objetivo principal, no entanto, é montar e comprar o máximo possível de usinas para conquistar novamente o mercado internacional.

Com produção estimada em cerca de 4,6 milhões de toneladas de açúcar por ano em 42 usinas em atividade na Europa, a Südzucker se viu obrigada a reduzir drasticamente suas exportações após a União Européia perder um processo aberto por Brasil, Austrália e Tailândia junto à Organização Mundial do Comércio – OMC, que culpou os europeus de subsidiar sua produção. Com a saída da União Européia do mercado internacional, até então maior exportadora de açúcar branco do mundo, abriu-se um buraco de três a quatro milhões de toneladas para que outros Países passassem a exportar — e é justamente aí que está o filão pretendido pela Südzucker em sua nova empreitada.

“A Südzucker fundou uma subsidiária no Brasil chamada Hosa (Hottlet South América) a fim de distribuir açúcar para nossos consumidores fora da Europa. A Hosa é responsável pela compra e logística do produto, mas as quantidades negociadas até o momento ainda são relativamente pequenas”, explica Anita Zimmermann, porta-voz da Südzucker AG, na Alemanha.

Os números da empresa são impressionantes: emprega quase 20 mil pessoas e detém cerca de 25% do mercado mundial de açúcar — seu faturamento no ano passado foi de 5,8 bilhões de euros. A estratégia da empresa por aqui deve ser a de comprar o maior número possível de pequenas refinarias de açúcar nos próximos anos, como já fez a Cosan, uma de suas principais concorrentes no mundo. “A Cosan cresceu assim, comprando pequenas usinas em dificuldade”, diz Gil Barabach, analista do mercado de açúcar e álcool da Safras & Mercados.