A olho nu, os parasitas que atacam o gado são praticamente imperceptíveis. Mas a sua presença pode ser facilmente detectada no bolso de pecuaristas. Um levantamento da Embrapa Gado de Corte mostra que o País perde por ano cerca de R$ 500 milhões no comércio de couro, devido a danificações causadas por bernes e carrapatos, entre outros. Além disso, em casos extremos de infecção, o gado pode registrar perdas de 14% no ganho de peso. Vacas leiteiras têm a sua produção de leite reduzida em até 25%. São esses alguns dos dados que mostram a importância de um controle sanitário eficiente e que tornam esse segmento extremamente atrativo para as empresas de saúde animal. Tanto que uma das maiores desse setor, a multinacional Intervet- Schering, aposta em um programa que alia controle químico ao acompanhamento do nível de infestação dos rebanhos. A ideia é ganhar espaço no disputado mercado brasileiro. O próprio diretor-presidente da companhia, Fernando Heiderich, se coloca como um legítimo “caçador de parasitas” e armado de alguns argumentos explica como pretende ganhar a confiança dos pecuaristas. “Para combater parasitas não adianta oferecer apenas um produto, temos que oferecer um serviço completo. É nisso que estamos trabalhando”, conta.

Hoje a filial brasileira detém uma participação de 15% no mercado de saúde animal, segmento que movimentou R$ 2,688 bilhões em 2008, de acordo com números do Sindicato das Indústrias de Saúde Animal (Sindan). Lançado há pouco mais de cinco anos, o programa se tornou o carrochefe das suas vendas no País. O sistema funciona em duas etapas. Na primeira, técnicos da empresa visitam a fazenda e colhem amostras de fezes de animais, que são misturadas a uma solução de água e sal, o que evidencia a presença de ovos de parasitas. Depois de uma análise no microscópio, é possível calcular o nível de Ovos por Grama de Fezes (OPG). “É um trabalho personalizado para cada fazenda”, diz Heiderich. Segundo ele, a vantagem é que com os dados do OPG é possível ministrar o produto sob medida para o gado.

O custo de aplicação do medicamento da Schering é de R$ 2,50 por animal, valor bem acima de outros antiparasitais do mercado, com preço médio de R$ 0,80. Porém, Heiderich explica que o produto é uma espécie de “dois em um”, combatendo parasitas internos e externos. Para a analista de mercado Lígia Pimentel, da Scot Consultoria, o valor médio dos dois princípios ativos é de R$ 2,48, próximo ao oferecido pelo presidente da Intervet-Schering.

R$ 500 milhões é quanto o Brasil perde com parasitas, o que faz desse um mercado atrativo para Schering, comandada por Fernando Heiderich

O frigorífico Mataboi, por exemplo, conhece bem a necessidade de ter um controle sanitário eficiente. “Cerca de 45% da nossa produção vai para exportação, o que nos obriga a manter um ótimo padrão de qualidade, tanto para o mercado interno quanto externo”, ressalta o diretor do frigorífico, Hércio Dias de Souza, que pretende investir no controle parasitário, abrangendo todas as 65 mil cabeças próprias do grupo. “Observamos em gados recém-comprados, que entraram no programa, uma sensível melhora na qualidade do couro e ganho de peso”, diz.

No rastro dos parasitas

Entenda como funciona o monitoramento da Schering para avaliar o nível de infestação do rebanho