A partir de dois cenários distintos, 2015 será desafiador para a pecuária bovina. No mercado interno, o ambiente econômico traçado pelo Banco Central é de um PIB modesto de apenas 0,8%, a inflação deve ficar próxima de 6% e a taxa de juros na casa de 12%. Com vistas aos próximos 12 meses, praticamente todos os setores da economia já estão preparando ajustes para baixo em seus estoques. Na contramão do cenário macroeconômico, o mercado do boi gordo termina 2014 embalado e aquecido pela forte demanda por carne bovina, aqui e lá fora. Durante o ano, em vários momentos os preços da arroba bateram recordes, as cotações do boi magro e do bezerro ficaram nas alturas e a oferta de gado pronto para o abate se manteve ajustada aos frigoríficos. Nesse período, a falta de matéria-prima para a indústria foi ainda mais intensa do que seria de se esperar normalmente, em função do movimento de retenção de fêmeas por parte dos criadores. Em 2014, eles voltaram a recompor seus rebanhos dilapidados entre 2008 e 2010, anos de preços em baixa para a arroba do boi gordo. 

Pelas incertezas macroeconômicas de curto e médio prazo, analistas de mercado acreditam que é preciso cautela em 2015, mesmo com a perspectiva de preços firmes para a arroba. “É bom não abusar em 2015, guardar reservas e esperar 2016 para investir”, afirma o pesquisador Sérgio De Zen, do Centro de Pesquisa em Economia Aplicada (Cepea/USP). “Mas de modo geral, o ano não será ruim para a pecuária.” Nos últimos anos, o segmento tem crescido exatamente por isso: há pressão de demanda do mercado interno e também do externo. E, pelo fato de a pecuária ser uma atividade de ciclo longo, sua dinâmica de investimentos tem particularidades próprias. O imediatismo não faz parte do dicionário do setor, não há apostas pensando apenas no dia seguinte. Na pecuária, para se ter alguma mudança de estrutura da produção, é preciso pelo menos um ciclo de oito anos. Tempo necessário entre a pesquisa genética por um boi de qualidade e a carne no prato do consumidor. Por isso, olhar para a frente é regra. E nesse ponto não há dúvidas: o céu é de brigadeiro para investimentos, não apenas em 2015, como nos próximos anos. 

Dentro de uma década, o Ministério da Agricultura prevê para o Brasil uma produção de carne entre 10,9 milhões e 13,8 milhões de toneladas. Somente para o mercado interno, a perspectiva mais modesta de consumo é de 10,3 milhões de toneladas. No mercado externo, o Brasil deve responder por 20% da demanda. O ministério calcula que o País deverá vender 2,2 milhões de toneladas a clientes internacionais. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos faz uma previsão mais modesta, de 1,9 milhão de toneladas. No entanto, qualquer que seja o cenário que venha a prevalecer, um dado é certo: a pecuária brasileira precisa crescer a taxas superiores a 2% ao ano para dar conta do recado.

Nas próximas páginas, a revista DINHEIRO RURAL, com o ranking AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014, homenageia as personalidades que estão trabalhando em busca de resultados para o setor.  os Destaques da Pecuária, definidos a partir de uma metodologia específica, os campeões são produtores e empresários que apostam no setor e investem em todos os elos de uma cadeia produtiva que movimentou somente no ano passado R$ 167,5 bilhões.  

Para chegar aos oito premiados, a revista contou com a colaboração dos programas de melhoramento genético, como PMGRZ/ABCZ, ANCP/USP, Geneplus/Embrapa, Paint, Aliança, Natura, Qualitas, CFM, Promebo, Conexão Delta G e Pampa Plus. As associações de criadores das raças nelore, angus, brangus, senepol, braford, hereford, guzerá, brahman e tabapuã também contribuíram com informações sobre os rebanhos, assim como as leiloeiras Estância Bahia, de Água Boa (MT), Leiloboi, de Campo Grande, Leilonorte, de Salvador, Leilopec, de Uberaba (MG), Programa, de Londrina (PR), e Trajano Silva, de Porto Alegre. A revista contou, ainda, com o apoio de entidades como a Embrapa, o Grupo Etco/Unesp, a The Nature Conservancy, a Aliança da Terra, a Associação Nacional de Confinadores, a Sociedade Rural Brasileira e a Scot Consultoria.

Boa leitura!