Qual o futuro da produção brasileira de carne? Como será a pecuária dentro de uma década, ou daqui a 20 ou 30 anos? Provavelmente, muito diferente do que é hoje, com animais mais eficientes em todo o ciclo produtivo, do nascimento ao abate; com sistemas de criação mais sustentáveis, poupando a natureza e promovendo um gigantesco sequestro de carbono do ambiente; e com uma carne de qualidades nutricionais muito mais valorizada, como fonte de saúde humana. Apesar de parecer distante, as bases desta pecuária, pautada com novos parâmetros, já estão lançadas. A atividade contada em longos ciclos, de pelo menos cinco anos, leva tempo para mudar e acontece aos poucos, através da experiência e do investimento dos produtores. É preciso tempo para uma fêmea emprenhar e parir um bezerro que deve crescer, engordar e ir para o abate, muito diferente do que ocorre com a maior parte dos produtos da agricultura, que são de ciclos curtos e se renovam quase todos os anos. Para que esta nova pecuária tome forma e se transforme em realidade, raças bovinas estão sendo selecionadas visando uma produção de carne de animais cada vez mais jovens e com melhor capacidade de conversão de pastagens e de grãos; e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta estão montando verdadeiras biotas, nas quais sistemas forrageiros eficientes transformam terras pobres e acidentadas em áreas capazes de  produzir muito acima de 500 quilos de carne por hectare ao ano. Enquanto isso, as empresas frigoríficas começam a mostrar que as marcas, mais do que agregar valor à carne, vendem ao consumidor a promessa de produtos sob medida e diferenciados.

Para valorizar empreendedores e pecuaristas, o prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015 mostra os DESTAQUES DA PECUÁRIA. Os prêmios foram divididos em oito categorias: Genética Nelore, Genética Rebanho Nacional, Gado de Elite, Gado de Produção, Fazenda Sustentável, Confinamento de Produtor, Confinamento de Empresa Frigorífica e Carne de Qualidade. Além das categorias, a DINHEIRO RURAL faz uma homenagem a uma personalidade do Setor de Leilões. A metodologia utilizada para se chegar aos vencedores foi desenvolvida pela revista e contou com a participação de representantes de 14 programas de melhoramento genético; de associações de criadores, como a ACNB, ABA, ABHB, ABC Senepol, entre outras; mais entidades de classe, como a Assocon, Grupo Etco, GTPS, Aliança da Terra, além da Sociedade Rural Brasileira e da Scot Consultoria.


Remuneração: para De Zen, apesar do custo elevado da arroba, os produtores receberam bem pelo gado vendido, com cotações de até R$ 150 no primeiro semestre do ano

RENTÁVEL – Em 2014, a pecuária mostrou uma melhora de rentabilidade, na comparação com o ano anterior. Houve uma maior demanda por carne no mercado, mas a oferta de gado pronto para o abate não conseguiu cobrir essa defasagem. Com um consumo firme, em 42 quilos per capita, o preço da arroba do boi gordo disparou. Além disso, as exportações chegaram a 1,5 milhão de toneladas, volume 3,3% superior a  2013, com crescimento de 8% em receita (US$ 7,2 bilhões). O Valor Bruto da Produção (VBP) da pecuária do ano passado, que corresponde ao movimento financeiro dentro do setor, foi de R$ 63,8 bilhões e deve ficar em R$ 70,4 bilhões neste ano.

Com previsão de demanda por carne, 2015 continuou mostrando a força da pecuáriaa, ao acumular ganhos em um ambiente no qual muitos segmentos registraram prejuízos. No primeiro semestre de 2015, por exemplo, a pecuária movimentou R$ 185,4 bilhões, valor que representa um acréscimo de 2,7% sobre o mesmo período de 2014. Neste cenário, a valorização da moeda americana, cuja cotação aumentou 39,4% no ano, deu fôlego às exportações. De acordo com o professor Sérgio De Zen, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), apesar do custo elevado da arroba, os produtores receberam bem pelo gado vendido, com cotações de até R$ 150 no primeiro semestre do ano.  “O produtor não teve o que reclamar em termos de preço”, afirma De Zen. “O ano de 2015 foi bom para vender gado.”

A pecuária daqui para a frente, com a abertura do mercado americano e asiático, pode abrir um novo capítulo em sua história. Nos próximos dez anos, a produção atual, que é de 9 milhões de toneladas em equivalente carcaça, pode chegar próximo de 14 milhões de toneladas. O consumo interno, de 7,2 milhões de toneladas, pode chegar a dez milhões. Nas exportações, o volume pode dobrar, indo a 4,5 milhões de toneladas. O cenário é promissor, os desafios são gigantescos e o tempo não para. Nas próximas páginas, estão histórias inspiradoras de pecuaristas que olham para o futuro e que estão ajudando o setor a ser cada vez mais eficiente e melhor. Boa leitura!


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