JORGE KARL: presidente comanda 500 cooperados no Paraná

Quando se fala em cerveja, cada um tem um gosto. Uns preferem as mais amargas, outros as mais doces. Alguns preferem as escuras, outros as avermelhadas. Numa coisa, no entanto, pouca gente pensa: de onde vem a matéria-prima utilizada na fabricação destas cervejas? Grande parte da cevada utilizada hoje no Brasil é importada de países como Argentina e Uruguai, mas, no interior do Paraná, a Cooperativa Agrária, presidida por Jorge Karl, é responsável pela maior parte da produção nacional de cevada e malte. Ou seja, eles são os verdadeiros donos da cerveja por aqui.

Fundada por imigrantes alemães em 1951, a Agrária surgiu como alternativa de vida para os refugiados que, após a segunda Guerra Mundial, se encontravam em abrigos na Áustria. Já no Brasil, na cidade de Guarapuava, os cooperados compraram terras e começaram a produzir a cevada, um cereal de inverno tradicional na Alemanha e que ocupa posição de destaque entre as commodities em todo o mundo.

O grão também é utilizado na composição de farinha para panificação, na produção de medicamentos, na formulação de produtos dietéticos e na alimentação animal, mas sua principal utilização é mesmo na indústria cervejeira. Contando com cerca de 500 cooperados e mil funcionários, a Agrária hoje produz mais de 74 mil toneladas de cevada por ano, o que corresponde a quase 30% da produção total do Brasil.

ESTOQUE VASTO: o cereal é vendido para as principais cervejarias do Brasil

“Vendemos para AmBev, Schin e Femsa (Kaiser, do grupo Coca- Cola), entre outras várias médias e pequenas cervejarias”, conta Adam Stemmer, superintendente da cooperativa, que espera aumentar ainda mais a produção nos próximos anos. Este aumento é necessário, uma vez que o Brasil hoje produz pouco mais de 30% do total da cevada utilizada. “A Agrária e a AmBev trabalham para que o percentual de cevada nacional utilizada pelo setor se eleve a 65%. Para isso, a alternativa é o fomento de cevada, para que mais produtores se dediquem a esta cultura”, continua.

Ainda de acordo com Stemmer, o momento é propício para o aumento da produção do cereal, pois a cevada importada da Europa era subsidiada em seus países de origem e, conseqüentemente, sua importação para o Brasil se tornava viável. Agora, no entanto, a situação é outra. Sem os subsídios, o produto já vem registrando elevação de preços no mercado mundial, o que poderia até elevar o preço da cerveja.

“Existe pouca oferta internacional, por isso, quanto mais cevada por perto, melhor. É uma garantia. Estrategicamente, não é interessante ficarmos totalmente dependentes do produto importado, pois nesta condição o preço já seria outro”, explica Euclydes Minella, pesquisador da Embrapa Trigo. Vale lembrar que a Ambev, empresa que domina o mercado no Brasil, importa cerca de 70% de sua cevada da Argentina e do Uruguai, que têm o produto a um preço mais competitivo.

Mesmo assim, é bom que a produção nacional cresça, pois a venda de cerveja no Brasil só vem aumentando ano a ano. De acordo com o Sindicerv – Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, o Brasil produziu cerca de 9,7 bilhões de litros em 2006, um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior. Em volume de produção, o País só perde para China, Estados Unidos, Alemanha e Rússia.