FIRMINO: safra rendeu duas caminhonetes, uma para o trabalho e outra para a família

O produtor Josué Campos Firmino aproveitou os bons resultados da safra 2006/ 2007 e decidiu trocar o carro. Seus 2.200 hectares de soja, milho e pecuária, somados a outros negócios ligados à terra, foram o suficiente para que ele comprasse logo duas caminhonetes zero-quilômetro. Andando em estradas esburacadas pelo oeste baiano, na região de Barreiras, ele adquiriu uma Chevrolet S10 para usar no dia-a-dia. Para sair com a família, no entanto, ele preferiu uma Toyota Hillux. “Nesse ano, os negócios foram bem melhores. Além do mais, precisava comprar um veículo robusto para o trabalho e um confortável para a família”, diz o produtor.

A história de Firmino não é diferente da de outros milhares de produtores e pessoas ligadas ao campo e espalhadas Brasil afora. Com a chegada do período pós-safra, o mercado se aquece com o dinheiro que entra e, não havendo nenhuma catástrofe no setor, todos fazem bons negócios. “O Natal é agora”, comenta Rogério Faedo, presidente da Associação Comercial de Luis Eduardo Magalhães, uma das mais pujantes cidades do Centro-Oeste brasileiro. Segundo ele, o movimento nas vendas pode crescer até 60%, dependendo do ano, durante os meses de maio até agosto, quando finda a safra de algodão.

Sensível a qualquer mudança na economia, o comércio é o maior beneficiado das chamadas safras cheias. Quem garante é o empresário Sérgio Dantas Rodrigues, dono de uma grande loja de eletrodomésticos na pequena, mas rica Luis Eduardo Magalhães. Ele explica que o Natal é bom, mas esta época do ano é melhor. “O pessoal aproveita que está com dinheiro no bolso para comprar o que está precisando, como geladeiras novas, fogões ou outros equipamentos como televisores e DVDs para a casa”, comenta. De acordo com Dantas, neste Natal antecipado, as vendas podem sofrer incremento de até 50% ante outros meses do ano.

Mas quem pensa que são apenas os produtores que se beneficiam dos lucros da terra, está completamente enganado. Isso porque, em anos bons, os funcionários também recebem bonificações e a partir desse ganho extra podem fazer algumas extravagâncias ou diversificar a renda. “Tenho algumas casas de aluguel e salas no comércio”, diz, de maneira simples, Pedro Callegari, que é gerente- geral da Agronol, fazenda de 26 mil hectares caracterizados pela diversidade de produção. Há frutas para exportação, pecuária, soja, milho, dentre outros. Callegari já foi produtor na região de Maringá e conhece do riscado.

Para ele, não há dúvida: “Por isso todo mundo torce para que o ano seja bom, porque não há apenas o salário”, afirma. Neste ano ele aproveitou e trocou o carro. “Comprei uma caminhonete Hillux, zero”, comenta.

E, pelo caminhar da safra, muitos negócios ainda acontecerão. Termômetro para o bom ou mau humor do mercado agrícola, a Agrishow, Feira de Tecnologia em Ação, versão Luis Eduardo Magalhães, superou as expectativas de negócios. As operações finalizadas corresponderam a R$ 210 milhões, ou seja, R$ 10 milhões acima do previsto. Nos primeiros dias de evento, apesar de o público não ter sido intenso, os expositores comentavam que boa parte dos visitantes foi disposta a comprar. E até mesmo o número de visitas, que dava sinais de ficar abaixo do esperado, se recuperou e bateu a expectativa nos dois dias de encerramento. Segundo o balanço oficial do evento, entraram no parque de exposições 26.150 pessoas, ante uma expectativa de 25 mil visitantes. Boas notícias para quem não planta, não colhe, mas depende dos lucros da safra para fazer bons negócios.