Do alto de seus 45 anos, dos quais quatro dedicados à agricultura paulista, o secretário de Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, começa a sentir o gostinho do dever cumprido. Em dezembro ele deixará o cargo quando terminar o mandato do governador de São Paulo, José Serra – candidato à Presidência da República. Em seu gabinete, localizado na zona sul da cidade, Sampaio observa os números do passado e projeta o futuro.

Em 2009, o Estado fechou o ano com uma produção agropecuária de R$ 40,6 bilhões. No ano anterior, foram computados R$ 37 bilhões – um crescimento de 9,8%.

Um número bem razoável para um período de crise. Para 2010, as perspectivas são ainda mais positivas. “A cana se recuperou e até mesmo a laranja, que pertence a um setor complicado, tem um horizonte muito mais favorável”, explica o secretário. “Não foi uma marolinha, mas atravessamos bem a turbulência”, brinca. A “blindagem” econômica do agronegócio paulista está, segundo Sampaio, num modelo que pode ser replicado em outros Estados brasileiros.

Mesmo sem falar abertamente, o discurso soa como prévia do que pode ser a plataforma tucana na campanha que se aproxima. “O governador Serra é obcecado por agregar renda ao campo e de todos os projetos que apresentamos esse sempre foi o principal pilar”, comenta. E na coluna vertebral da política conduzida por ele, que presidiu a Associação Brasileira de Agrobusiness (Abag), alguns pontos se destacam: “Infraestrutura, diversificação e comunicação são fatores fundamentais”, pondera.

E desses pontos nascem alguns dos desafios das próximas décadas: fortalecer a classe média rural. “Esse é um pessoal que está literalmente espremido entre as políticas assistencialistas para os pequenos e os programas voltados para os grandes e focamos muito nesse grupo”, avalia.

Na tese de Sampaio, o agronegócio necessita agregar valor sem deixar de produzir commodities. Para isso, será necessário mais empenho dos produtores que devem se enquadrar numa espécie de equação matemática que, de acordo com o expresidente da Abag, é o caminho para o desenvolvimento. Produtividade + gestão financeira + comunicação + política = eficiência. E, nesse caso, segundo ele, a eficiência não é o mesmo que produtividade.

“O produtor pode ser extremamente produtivo, mas pode errar na comercialização e não conseguir fazer com que a conta feche. Por isso, vale mais ser eficiente do que produtivo”, avalia.