O TIME COMPLETO: abaixo, o óleo composto acompanhado do azeite, da massa e do extrato de tomate. Acima os executivos Luiz Alberto Garcia, Luiz Gonzaga Maciel e Luiz Alexandre Garcia

Até o mês passado, a ABC Inco, empresa do Grupo Algar, possuía apenas um produto nas gôndolas dos supermercados: o óleo de soja refinado da marca “ABC”. Líder de vendas em Minas Gerais com uma fatia de 26% do mercado, o produto esteve à prova em uma pesquisa junto aos supermercadistas. O resultado mostrou que o nome “ABC” possui potencial para agregar novos elementos em seu portfólio. De posse dessas informações, os executivos da companhia apostaram no incremento da marca e no aumento da linha de produtos. A partir daí, a família ganhou novos membros: óleo composto, azeite de oliva extra-virgem, molho de tomate e extrato de tomate. Tudo com a chancela de uma nova marca, a “ABC de Minas”, uma alusão à conhecida culinária mineira e à sede da agroindústria, localizada em Uberlândia. Com as novidades, os executivos pretendem fortalecer a marca junto ao consumidor final.

A nova tacada da ABC Inco, dona da marca ABC de Minas, contará com a participação de outras empresas no processo produtivo. Apenas o óleo de soja continuará com industrialização própria e o restante dos produtos será fabricado por parceiros supervisionados. Com isso, a companhia acredita encontrar o caminho da expansão dos lucros sem ter de investir em novas plantas industriais. “Hoje, o setor agro é o que tem maior potencial de crescimento no grupo”, explica Luiz Alexandre Garcia, presidente executivo do grupo Algar. “A nossa idéia foi expandir com produtos complementares de uma refeição”, avalia. Mas as mudanças não param por aí. De início, a linha será distribuída apenas em Minas Gerais. Na seqüência, deve alcançar as praças do Espírito Santo, Rio de Janeiro e de São Paulo.

Os investimentos do grupo, no entanto, continuam com o foco apontado para o complexo soja, que vem demonstrando números consistentes. Desde o ano passado, com a entrada em operação da unidade de esmagamento de soja em Porto Franco, no Maranhão, as exportações só têm crescido. “Em 2007 exportamos US$ 100 milhões e neste ano vamos chegar a US$ 250 milhões”, diz Luiz Gonzaga Maciel, diretor-presidente da ABC Inco. Outro salto foi no volume de compras de soja. Há três anos, a empresa comprava 600 mil toneladas do grão. No ano passado, adquiriu 1,2 milhão de toneladas e a expectativa para esta safra que acabou de ser colhida é aumentar a compra nos Estados em 35%. Detalhe: 40% da safra é comprada antecipadamente, por meio de financiamentos concedidos aos produtores.

A unidade de Porto Franco deve ganhar novos investimentos. “Vamos ampliar a fábrica que hoje tem capacidade de 1,5 mil toneladas/dia para duas mil toneladas. Temos projeto para uma refinaria de óleo e estamos participando de uma licitação para construir um terminal portuário em Itaqui”, explicou Garcia. Para isso, a ABC Inco tem uma verba de R$ 160 milhões para investir nos próximos três anos. No entanto, este montante já estava previsto no planejamento estratégico do grupo para ABC Inco feito quatro anos atrás. “Apenas aceleramos o processo em função do bom momento do agronegócio”, diz Garcia.

Atualmente, a capacidade de armazenagem da empresa é de 870 mil toneladas. Nas exportações, o carro-chefe é o farelo de soja, representando 70%. Os grãos ficam com uma parcela de 30%. Os principais destinos são Europa e alguma coisa para Ásia, sobretudo China. “A exportação em grãos nos possibilitou atender o mercado chinês, que é uma grande promessa”, argumenta Maciel. Com este cenário, a ABC Inco projeta fechar o ano com um faturamento de R$ 1 bilhão, R$ 300 milhões a mais que no ano passado. “Além disso”, diz Maciel, “deverá haver um maior equilíbrio no grupo entre os investimentos em telecom e na parte agro”. Mais uma confirmação da força do agronegócio brasileiro.