CARLOS AGUIAR: presidente da empresa acredita no mercado internacional

O mercado mundial de celulose vive um momento altamente positivo. A crescente demanda pelo produto, sobretudo em países como China e Índia, somada à restrição de oferta de importantes produtores, como Estados Unidos e Finlândia, fez o preço internacional do produto disparar, chegando a US$ 810 a tonelada, um dos patamares mais altos dos últimos anos. Em 2007, a cotação média da fibra no mercado europeu, que é usado como referência no setor, ficou em US$ 710 a tonelada, o que na época já representou uma alta de 11% em relação a 2006. De olho nos bons preços, a Aracruz, uma das gigantes brasileiras do setor, se prepara para brigar pelo mercado de celulose de fibra curta, variedade com um consumo mundial estimado de 23,4 milhões de toneladas ao ano.

A idéia é colocar em prática um amplo programa de expansão, com investimentos na ordem de US$ 2,8 bilhões até 2010. A empresa pretende conquistar, até 2015, 25% da demanda mundial por esse tipo de fibra. Para isso terá que mais que dobrar sua produção, que hoje é de três milhões, para sete milhões de toneladas. O plano deve fazer o faturamento da empresa, que é de US$ 2,2 bilhões, saltar para US$ 3 bilhões. “Temos que aproveitar o momento favorável”, alerta o presidente da companhia Carlos Aguiar.

Além do mercado aquecido, tanto apetite se justifica pelo papel estratégico que uma maior participação traz para a empresa. “Hoje temos 13% do mercado de celulose de fibra curta. Isso nos dá pouca capacidade de influenciar no controle da oferta e no preço do produto. Com um mercado maior, podemos ter maior poder de negociação”, conta o executivo, que hoje exporta 90% da sua produção e tem como principais mercados a Europa, os Estados Unidos e a Ásia. Nesse último, aliás, é onde a empresa pretende ganhar espaço.

Para alcançar essa meta, o plano de expansão da empresa prevê, além da ampliação da fábrica da Bahia, a construção de um porto para escoar a produção e a expansão de mais de 65 mil hectares. “Temos planos de crescer a taxas de 11% ao ano.” Com 190 mil hectares, o aumento de área pode refletir em ganhos para os produtores brasileiros. “Com certeza plantar eucaliptos é um ótimo negócio.”

Enquanto briga para aumentar sua participação no mercado internacional, a companhia revê o mercado brasileiro, que em 2007 movimentou R$ 24 bilhões, 2,8% a mais que em 2006. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), enquanto a produção cresceu uma média de 76,5% entre 1998 a 2007, o consumo cresceu apenas 36,1% no mesmo período. “Nós conseguimos atender à demanda no Brasil tranqüilamente e temos grande oferta para exportar”, diz Aguiar.

TURBINADA: produção terá de saltar de três milhões para sete milhões de toneladas ao ano, o que exigirá novos parceiros