Os custos de produção são sempre a dor de cabeça do produtor. Não é diferente com Osmar Francisco Zuccolotto, o Mazinho, proprietário da granja de suínos Alvorada. Há 17 anos na atividade, ele sempre procurou formas de reduzir as despesas. Como quem procura uma hora acha, há dez anos Mazinho encontrou uma fórmula inédita: acrescentar chocolate, descarte de uma indústria capixaba, à soja e ao milho da ração dos animais. O resultado foi surpreendente: melhorou a conversão da alimentação em carne magra e reduziu em 5% os custos. Além disso, passou a dar um fim aos chocolates, que por pequenos defeitos (não relacionados à qualidade alimentar) eram excluídos no controle de qualidade da fábrica. O produto que até então era destinado ao aterro sanitário passou a ser uma das matérias-primas da ração e ajudou ambos os lados. A indústria viu-se livre daquele material, já que Mazinho se encarrega de retirá-lo. Ele, por sua vez, achou uma maneira de diminuir os gastos. “Enquanto o normal é 2,8 quilos de ração para fazer um quilo de suíno vivo, eu consigo o mesmo peso com 2,3 quilos de ração”, diz.

Atualmente, a granja está com mil matrizes e cerca de 13 mil animais. O consumo diário de ração é de 16 mil quilos/dia. Por conta da parceria com a Agroceres, Mazinho tem assistência tanto na parte genética quanto nutricional. Nesse sentido, os funcionários da empresa o auxiliam a balancear a ração. “Ela varia entre 10% e 40% de chocolate, dependendo da fase em que se encontra o animal”, explica Iede Silva, consultor da Agroceres. Quando leitãozinhos, até 21 dias, a porcentagem de chocolate na alimentação não ultrapassa os 10%, mas o percentual vai aumentando conforme o animal cresce. Há vários pontos positivos neste tipo inusitado de ração. Ela tem melhor palatabilidade, digestibilidade, geração de energia e, conseqüentemente, resulta em ganho de peso mais rápido. “Em relação às granjas convencionais, os suínos chegam à terminação com cinco quilos a mais, sendo que a média de peso da granja é de 100 quilos”, diz Mazinho. A maior vantagem é a redução do custo em 5%. O valor só não é maior por conta de custos indiretos que surgem. “Com o chocolate, a ração gruda mais no cocho, então se torna necessário mais funcionários para revolver”, diz o proprietário. Hoje, a granja está com 70 empregados, que respondem por todas as etapas: coleta do sêmen dos reprodutores, análise do material em laboratório, inseminação, maternidade, creche (onde os porquinhos chegam com 21 dias e ficam até 65 dias) e na fase de crescimento e terminação – em que os animais chegam com 65 dias e ficam até 150 dias, quando são abatidos.

O abate mensal da granja Alvorada é na casa dos dois mil suínos. No entanto, até o momento, Mazinho comercializa o animal vivo, que é abatido por terceiros e então repassado aos supermercados da grande Vitória. Mas o criador investiu R$ 3 milhões na construção de um frigorífico, com capacidade de abate de 400 suínos/ dia, que deve entrar em funcionamento em meados de 2008. O empreendimento já tem nome, Suimartin, e fortalece a verticalização da empresa. Além de deter todo o controle da produção, Mazinho será o responsável pela comercialização. Fora isso, o criador também tem um acordo com a canadense Agcert, que instalou biodigestores na granja. A empresa ficará com 90% dos créditos de carbono e o criador com os 10% restantes.

Mazinho também pretende gerar energia para a propriedade com o gás do biodigestor. Planos à parte, a maior alegria do capixaba é falar sobre a carne suína que, no caso de sua granja, tem um sabor diferenciado, levemente adocicado, certamente por causa da alimentação à base de chocolate.

COM A BOCA NA BOTIJA: a quantidade de chocolate destinada aos suínos (foto acima) varia de acordo com a evolução de crescimento dos animais; foi assim que Mazinho (à dir.) definiu a dieta criada em sua granja, no município capixaba de Viana

Lívia Andrade, de Viana (ES)