Recebido com surpresa pelo setor, o novo corte de 10% do imposto de importação de aparelhos eletrônicos quebra a confiança no diálogo com o governo, segundo a Abinee, a associação que representa a indústria de produtos eletroeletrônicos.

De acordo com o presidente da entidade, Humberto Barbato, a medida não foi colocada em pauta nas reuniões periódicas da indústria com o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Essa decisão, anunciada outra vez de forma intempestiva, quebra a confiança no diálogo e aumenta a insegurança jurídica, o que afeta qualquer intenção de investimento e de reindustrialização no País”, declarou Barbato em nota. “Dado nosso frequente diálogo com o ministro Paulo Guedes, esperávamos que fôssemos previamente comunicados a respeito”, acrescentou.

Em um ano, esta é a segunda redução do imposto cobrado na importação de aparelhos de informática e de telecomunicações, como computadores, tablets e celulares, repetindo a dose – corte de 10% – de março de 2021. Máquinas e equipamentos também tiveram o imposto de importação reduzido em mais 10%.

Em resposta, o presidente da Abinee lamentou que a desoneração do custo de produção industrial não esteja acontecendo na mesma velocidade da diminuição das tarifas aplicadas sobre produtos fornecidos pela concorrência internacional. “Se em outros governos se escolhiam vencedores, no atual parece que se escolhem perdedores”, assinalou o executivo.

Segundo Barbato, para a indústria nacional não perder competitividade, a redução do imposto dos produtos importados deveria ser acompanhada de uma nova rodada de desoneração dos insumos, a exemplo do que aconteceu no fim do ano passado.