Em meio à flexibilização das medidas de isolamento social e de reabertura de atividades econômicas e de estabelecimentos que estavam fechados para impedir a disseminação do novo coronavírus, o mercado de trabalho dá sinais de retomada da dinâmica habitual. Cresceu o número de pessoas trabalhando, assim como o de brasileiros em busca de emprego. Ao mesmo tempo, a população inativa diminui.

“Isso já pode estar sinalizando uma retomada do mercado de trabalho. As pessoas já estão voltando a buscar trabalho. Já é a segunda semana com aumento na ocupação”, disse Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de desemprego no País aumentou de 13,3% na primeira semana de agosto para 13,6% na segunda semana do mês, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), divulgados nesta sexta-feira, 4, pelo IBGE. A população desempregada foi estimada em 12,9 milhões de pessoas na segunda semana de agosto, cerca de 300 mil a mais que o registrado na primeira semana do mês. Já o total de ocupados foi de 82,1 milhões na segunda semana de agosto, cerca de 500 mil a mais que o patamar da primeira semana do mês.

A população fora da força de trabalho – que não estava trabalhando nem procurava por trabalho – somou 75,5 milhões na segunda semana de agosto, ante um total de 76,1 milhões na semana anterior. Entre os inativos, cerca de 27,1 milhões de pessoas, ou 35,9% da população fora da força de trabalho, disseram que gostariam de trabalhar. Aproximadamente 17,7 milhões de inativos que gostariam de trabalhar alegaram que não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam.

Economistas esperam que o retorno ao mercado de trabalho dessa população que está inativa – devido ao isolamento social e ao desalento – deve elevar a taxa de desemprego nas próximas leituras da pesquisa. Pela pesquisa do IBGE, só é considerado desempregado quem de fato tomou alguma medida para procurar uma vaga.

“Aí é que a gente vai ver se o mercado de trabalho vai conseguir absorver essas pessoas ou não”, ponderou Maria Lucia.

Além dos impactos no mercado de trabalho, o retorno gradual das atividades econômicas também fez aumentar o número de alunos estudando e diminuir a incidência de isolamento social na população em geral, lembrou Maria Lucia.

Na semana de 9 a 15 de agosto, o País tinha cerca de 45,8 milhões de estudantes que frequentavam escolas ou universidades, mas 7,6 milhões deles (16,6% do total) não tiveram atividades escolares. O resultado representa uma melhora em relação à primeira semana de agosto, quando 8,2 milhões de estudantes (17,9%) não tiveram atividades educacionais.

Segundo Maria Lucia Vieira, algumas escolas públicas estão abrindo para entregar atividades de ensino para que os alunos façam em casa e devolvam posteriormente, o que é contabilizado como tempo de estudo. Também há regiões pelo País que autorizaram a reabertura de instituições de ensino, e a educação à distância também pode ter ganhado novos adeptos no período.

Entre os 36,8 milhões de estudantes que tiveram atividades escolares na segunda semana de agosto, 24,3 milhões (66,0% deles) tiveram atividades em cinco dias da semana.

A Pnad Covid-19 mostrou ainda que aproximadamente 86,4 milhões de pessoas ficaram em casa e só saíram por necessidade básica na semana de 9 a 15 de agosto, o equivalente a 40,9% da população. O resultado representa 2,7 milhões de pessoas a menos em distanciamento social em apenas uma semana.

A parcela da população que ficou rigorosamente isolada somou 44,4 milhões na segunda semana de agosto, enquanto 4,4 milhões disseram que não adotaram qualquer tipo de restrição de contato. Uma fatia de 74,5 milhões de pessoas declarou ter reduzido o contato social, mas continuaram saindo de casa ou recebendo visitas, 2,9 milhões a mais que na semana anterior.

Na semana de 9 a 15 de agosto, 12,0 milhões de pessoas, o equivalente a 5,7% da população brasileira, apresentavam pelo menos um dos 12 sintomas associados à síndrome gripal investigados pela pesquisa: febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular.

Cerca de 2,7 milhões de pessoas procuraram estabelecimento de saúde em busca de atendimento. Entre os que procuraram atendimento em hospital, 116 mil (17,4%) foram internados.